Atualmente a obesidade gestacional desponta como um dos maiores desafios para a medicina materno-fetal. Longe de ser apenas uma questão individual, trata-se de um fenômeno global que influencia desde a adaptação do organismo da mulher às transformações da gravidez até o desfecho do parto e o bem-estar do recém-nascido.
“Estima-se que entre 20% e 25% das gestantes brasileiras estejam com IMC (Índice de Massa Corpórea) ≥30 kg/m², segundo dados do Ministério da Saúde (MS), refletindo uma tendência observada em diversos países”, explica o ginecologista e obstetra Dr. Nélio Veiga Júnior, mestre e doutor em Tocoginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/Unicamp).
A seguir, o médico lista os principais riscos da obesidade gestacional e reforça a importância do acompanhamento médico. Confira!
A obesidade está fortemente associada ao aumento de complicações gestacionais. A principal delas é o Diabetes Mellitus Gestacional (DMG). “Mulheres obesas têm risco duas a quatro vezes maior de desenvolver DMG. Isso se deve à resistência insulínica pré-existente, exacerbada pelas alterações hormonais da gravidez”, comenta o Dr. Nélio Veiga Júnior.
Além do diabetes gestacional, outro problema comum na obesidade gestacional é a pré-eclâmpsia, como ressalta o obstetra, que se trata de um “quadro caracterizado pelo aumento da pressão arterial (hipertensão) e pela presença de proteína na urina (proteinúria). Esse risco pode dobrar ou triplicar em gestantes com obesidade. A inflamação crônica e o estresse oxidativo sistêmico são fatores fisiopatológicos importantes para a instalação da doença/o início desse processo”.
O obstetra alerta que mulheres obesas também têm o dobro de chance de serem submetidas à cesariana. O risco aumenta progressivamente conforme o IMC. “A obesidade está associada a taxas mais baixas de sucesso na indução do parto, maior tempo de trabalho de parto e necessidade aumentada de intervenções. Além disso, a anestesia regional pode ser mais difícil de ser realizada, com maior risco de falhas e complicações técnicas. Há também maior risco de hipotensão e dificuldades em manejo das vias aéreas em casos de anestesia geral”, comenta.
As complicações da obesidade gestacional também podem afetar o feto, com aumento do risco de malformações congênitas e de natimortalidade. “Filhos de mães obesas têm maior chance de apresentar hipoglicemia ao nascer e desconforto respiratório, mesmo em gestações a termo. A exposição intrauterina a um ambiente obesogênico também está relacionada ao aumento do risco de obesidade, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica na vida adulta da criança, caracterizando o que se chama de ‘programação fetal’”, diz o Dr. Nélio Veiga Júnior.
Apesar dos riscos da obesidade gestacional, eles podem ser reduzidos com o acompanhamento profissional adequado, que começa com o aconselhamento pré-concepcional. “Mulheres com obesidade devem ser incentivadas a buscar suporte nutricional, psicológico e médico antes da gestação. Perdas modestas de peso (5 a 10% do peso corporal) já trazem grandes benefícios”, diz o Dr. Nélio Veiga Júnior.
Além disso, os cuidados devem se estender por toda a gestação. “Durante o pré-natal, deve-se monitorar o ganho de peso gestacional, que, para mulheres com IMC ≥30, deve ficar entre 5 e 9 kg, segundo o Institute of Medicine (IOM). Para isso, é necessário suporte multidisciplinar, com médico, nutricionista, psicólogo, educador físico e enfermeira obstétrica, que devem atuar de forma integrada para mitigar os riscos”, destaca o médico.
Por fim, o especialista explica que a gestante obesa deve ser acompanhada em maternidades com capacidade de resposta a eventuais complicações clínicas, anestésicas ou cirúrgicas. “Prevenir e manejar a obesidade antes e durante a gestação é uma das estratégias mais eficazes para melhorar os desfechos maternos e neonatais, quebrando ciclos intergeracionais de doenças crônicas”, finaliza.
Por Pedro Del Claro
Fonte: Portal EdiCase
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