Taxas futuras curtas de juros sobem em reação a tom duro do Copom


O recado do Banco Central, de que não há pressa em diminuir a Selic, conduziu uma alta mais pronunciada dos juros futuros curtos no pregão desta quinta-feira, 18. Os vencimentos longos também subiram. Nesse trecho da curva, houve influência do desempenho do mercado de renda fixa norte-americano, que teve deterioração no dia seguinte ao corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), e ainda reagiu a uma queda maior que a prevista de pedidos de auxílio-desemprego – ou seja, um dado que sinaliza menos fraqueza do mercado de trabalho.

Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 subiu de 13,926% no ajuste da quarta-feira para 13,995%. O DI para janeiro de 2028 avançou de 13,161% no ajuste da véspera para 13,235%. O DI para janeiro de 2029 fechou o dia negociado a 13,105%, vindo de 13,038% no ajuste precedente. O DI para janeiro de 2031 aumentou de 13,223% no ajuste anterior a 13,275%.

Considerando a precificação da curva a termo, ainda há apostas de que o ciclo de relaxamento monetário por aqui pode começar em dezembro, mas em menor grau. As chances de uma redução de 0,25 ponto porcentual da Selic na última reunião de 2025 do Comitê de Política Monetária (Copom) passaram de 25% na quarta para 20% nesta quinta, nota Flávio Serrano, economista-chefe do banco BMG. Para janeiro, também houve ajuste para baixo, de 70% para 65%.

Na visão de Serrano, o tom do comunicado do Copom que acompanhou a decisão de manter a Selic em 15% não teve mudança alguma em relação a julho, embora muitos participantes do mercado tenham visto uma postura mais ‘hawkish’. “Vínhamos de vários dias de queda nos DIs. Houve uma correção. Mas a mensagem do BC é de que não haverá queda no curto prazo”, observa.

O Itaú Unibanco manteve sua perspectiva de que o BC vai começar a cortar a Selic em janeiro de 2026 após o comunicado da quarta do colegiado. Segundo o banco, a manutenção pelo Banco Central da projeção de alta de 3,4% do IPCA no horizonte relevante da política monetária (primeiro trimestre de 2027) trouxe um “um viés levemente mais duro” ao comunicado.

Sócio da One Investimentos, João Ferreira afirma que a sessão desta quinta-feira foi de ajustes nas posições, tendo em vista que o Copom contrariou expectativas de agentes de que poderia haver uma comunicação mais ‘dovish’ após a recente valorização do real ante o dólar, que contribui para uma inflação menor, e também depois de o Fed ter diminuído a taxa básica americana em 25 pontos-base. O relaxamento monetário nos EUA sequer foi citado no comunicado do comitê, que ainda enxerga um ambiente externo incerto.

“A ata vai dar mais sinais sobre o rumo da política monetária, mas a minha percepção é de que houve correção na ponta curta até a parte intermediária da curva como reflexo do comunicado do Copom”, disse Ferreira.

Antes da abertura do mercado, uma nova pesquisa da Genial/Quaest mostrou um cenário favorável à reeleição do presidente Lula, que lidera as intenções de voto para o pleito do próximo ano. Lula tem vantagem em todos os oito cenários testados no levantamento, que também indicou que o petista venceria todos seus potenciais adversários em potencial segundo turno. Para Ferreira, da One Investimentos, a tendência é que essas pesquisas ganhem relevância na formação de preços daqui para frente, mas nesta quinta, diante do Copom, o levantamento ficou em segundo plano.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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