PGR pede condenação de ex-ministros e militares do ‘núcleo crucial’ do plano de golpe


A Procuradoria-Geral da República pediu, nesta segunda-feira, 14, a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus ex-ministros e militares que, segundo a acusação, integraram o “núcleo crucial” do plano de golpe de Estado.

Em manifestação ao Supremo Tribunal Federal, o procurador Paulo Gonet reafirma que Bolsonaro não apenas tinha conhecimento do plano golpista, como liderou as articulações para um golpe de Estado. Com a soma das penas, Bolsonaro pode ser condenado até cerca de 43 anos de prisão.

Segundo o PGR, “o grupo, liderado por Jair Messias Bolsonaro e composto por figuras-chave do governo, das Forças Armadas e de órgãos de inteligência, desenvolveu e implementou plano progressivo e sistemático de ataque às instituições democráticas, com a finalidade de prejudicar a alternância legítima de poder nas eleições de 2022 e minar o livre exercício dos demais poderes constitucionais, especialmente do Poder Judiciário”.

Gonet sustentou nas alegações que a denúncia por ele apresentada “não se baseou em conjecturas ou suposições frágeis”. O procurador-geral menciona que os investigadores obtiveram diversas provas porque “a organização criminosa fez questão de documentar quase todas as fases de sua empreitada”.

Para Gonet, a tentativa de golpe não se consumou “pela fidelidade do Exército – não obstante o desvirtuamento de alguns dos seus integrantes – e da Aeronáutica à força normativa da Constituição democrática em vigor”.

O documento é denominado alegações finais. Nele, o procurador reitera argumentos lançados na denúncia que provocou a abertura da ação penal contra o ex-presidente. Também inclui informações colhidas na fase de instrução do processo a partir de depoimentos e novos documentos.

As alegações finais são a última oportunidade para acusação e defesa se manifestarem sobre as provas e as teses levantadas ao longo da ação penal. Agora, caberá à defesa dos oito réus apresentar seus fundamentos aos cinco ministros da Primeira Turma. Na fase de instrução do processo todos negaram ligação com a trama.

As alegações do PGR foram entregues à 1ª Turma do STF. Segundo o procurador, Bolsonaro e seu candidato a vice-presidente, general Braga Netto, em 2022, eram líderes de organização criminosa “baseada em projeto autoritário de poder’ e ‘com forte influência de setores militares”.

A manifestação pede a condenação de todos os integrantes do que Gonet classifica de “núcleo crucial do golpe”:

– Jair Bolsonaro, ex-presidente;

– Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;

– Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;

– Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;

– Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;

– Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;

– Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;

– Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro.

A acusação sustenta que a organização supostamente liderada por Jair Bolsonaro “aceitou, estimulou e realizou” um atentado contra o estado democrático de direito. Os crimes atribuídos a Bolsonaro e a seus aliados são:

– tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito (pena de 4 a 8 anos);

– golpe de estado (pena de 4 a 12 anos);

– organização criminosa armada (pena de 3 a 8 anos que pode ser aumentada para 17 anos com agravantes citados na denúncia);

– dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima (pena de 6 meses a 3 anos);

– deterioração de patrimônio tombado (pena de 1 a 3 anos).

A acusação argumenta que o ex-presidente Bolsonaro já vinha incitando a desconfiança nas instituições em suas falas e ações desde 2021. De acordo com a PGR, havia uma estratégia para deslegitimar o processo eleitoral e enfraquecer a democracia, articulada com a manipulação das redes sociais e a disseminação de notícias falsas.

A PGR reafirma que Jair Bolsonaro foi o principal coordenador da disseminação de ataques às instituições e utilizou o controle da máquina pública para fomentar a radicalização e a ruptura democrática. Ao se recusar a reconhecer a derrota eleitoral, segundo o procurador-geral, Bolsonaro quis manter o eleitoral em um estado de mobilização contínua.

“No interrogatório, Jair Messias Bolsonaro tentou se eximir de responsabilidade, culpando os indivíduos que chegaram em Brasília momentos antes do ataque de 8.1.2023, e chamando seus adeptos mais fanáticos de ‘malucos’. Sua defesa, no entanto, falha em desconstituir a evidência de que a violência e os atos de depredação eram frutos de uma estratégia sistemática, sustentada por um discurso contínuo de contestação à vitória eleitoral e de incentivo à ruptura institucional”.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

Recent Posts

Arquibancada despenca e deixa 60 feridos em rodeio em Eldorado

Por Redação O Estado de S. Paulo - 20/07/2025 12:18 Uma arquibancada do rodeio de…

6 minutos ago

Marin dividiu sua trajetória entre política e futebol e foi poderoso nos dois campos

José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), morreu aos 93 anos na…

10 minutos ago

Veja como a amizade impacta a saúde mental

Em 20 de julho é celebrado o Dia Internacional da Amizade, data que reforça a…

16 minutos ago

Barcelona fecha 1ª semana da pré-temporada e já tem desfalque para sua excursão asiática

O Barcelona encerrou na manhã deste domingo sua primeira semana de pré-temporada. Ao todo, a…

31 minutos ago

Juiz repudia ‘censura indireta’ a piadas e nega ação de R$ 500 mil contra Léo Lins

O juiz Daniel Pellegrino Kredens, da 4ª Vara Cível de Novo Hamburgo (RS), negou ação…

1 hora ago

Primeiro-ministro do Japão deve perder maioria na Câmara Alta, indicam pesquisas

Pesquisas de boca de urna divulgadas segundos após o fechamento das urnas neste domingo, 20,…

1 hora ago

This website uses cookies.