Fundadora de startup é condenada a sete anos de prisão por enganar o JPMorgan


Charlie Javice, fundadora de uma startup que prometia revolucionar a forma como estudantes universitários solicitam ajuda financeira nos Estados Unidos, foi condenada nesta segunda-feira, 29, a mais de sete anos de prisão por fraudar o JPMorgan Chase em milhões de dólares, ao exagerar significativamente o número de estudantes atendidos por sua empresa.

Charlie, de 33 anos, foi condenada em março por ter enganado o gigante bancário durante a aquisição de sua empresa, chamada Frank, em 2021, por US$ 175 milhões (cerca de R$ 930,7 milhões). Ela apresentou registros falsos que faziam parecer que a Frank tinha mais de 4 milhões de clientes, quando na realidade tinha menos de 300 mil.

Ao se dirigir ao tribunal antes da sentença, Charlie, que estava na casa dos 20 anos quando fundou a empresa, disse que era “assombrada” pelo fato de que seu “fracasso transformou algo significativo em algo infame”. Falando às vezes entre lágrimas, ela disse que tomou uma decisão da qual passará “o resto da vida” se arrependendo.

O juiz Alvin K. Hellerstein rejeitou em grande parte os argumentos do advogado de Charlie, Ronald Sullivan, de que ele deveria ser leniente porque as negociações que levaram à venda da Frank colocaram “uma pessoa de 28 anos contra 300 banqueiros do maior banco do mundo”.

Ainda assim, Hellerstein criticou o banco, dizendo que “eles têm muito do que se culpar” por não terem realizado a devida diligência. Ele acrescentou rapidamente, porém, que estava “punindo a conduta dela e não a estupidez do JPMorgan”.

Quem é Charlie Javice?

Charlie está entre vários jovens executivos de tecnologia que alcançaram fama com empresas supostamente disruptivas ou transformadoras, apenas para vê-las desmoronar diante de questionamentos sobre se haviam praticado exageros e fraudes ao lidar com investidores.

Sua acusação foi comparada ao caso de Elizabeth Holmes, fundadora da empresa de testes de sangue Theranos, que entrou em colapso em meio a alegações de fraude.

Charlie, que mora na Flórida, está em liberdade mediante fiança de US$ 2 milhões desde sua prisão em 2023. O juiz disse que ela poderia permanecer livre enquanto recorre da sentença. Ela foi condenada por conspiração, fraude bancária e fraude eletrônica. Seus advogados argumentaram que o JPMorgan perseguiu Charlie por arrependimento de comprador.

Formada na Wharton School of Business da Universidade da Pensilvânia, Charlie fundou a Frank para lançar um software que prometia simplificar o árduo processo de preenchimento do Formulário de Solicitação Gratuita de Auxílio Estudantil Federal (FAFSA, na sigla em inglês), um complexo formulário governamental usado por estudantes para solicitar auxílio financeiro para graduação ou pós-graduação.

Os investidores da Frank incluíam o capitalista de risco Michael Eisenberg. A empresa dizia que seu serviço, semelhante a um software de declaração de impostos online, poderia ajudar os estudantes a maximizar a ajuda financeira, tornando o processo de inscrição menos complicado.

A empresa se promovia como uma forma de estudantes financeiramente necessitados obterem mais ajuda mais rapidamente, em troca de algumas centenas de dólares em taxas. Charlie aparecia regularmente em programas de TV a cabo para divulgar a Frank, tendo inclusive figurado na lista “30 Under 30” da revista Forbes antes de o JPMorgan comprar a startup em 2021.

Cena de crime

Ronald Sullivan, advogado de Charlie, disse ao juiz Alvin K. Hellerstein que sua cliente era muito diferente de Elizabeth Holmes porque o que ela criou realmente funcionava, ao contrário de Elizabeth, “que não tinha uma empresa real” e cujo produto “de fato colocava pacientes em risco”. Sullivan afirmou que o banco acelerou suas negociações porque temia que outro banco adquirisse a Frank primeiro.

O promotor Micah Fergenson disse, no entanto, que o JPMorgan “não recebeu um negócio funcional” em troca de seu investimento. “Eles adquiriram uma cena de crime.”

Fergenson afirmou que Charlie foi movida pela ganância ao perceber que poderia embolsar US$ 29 milhões com a venda de sua empresa. “Srta. Charlie tinha isso pendurado na sua frente e mentiu para conseguir”, disse ele.

Ao buscar uma longa sentença de prisão para Charlie, os promotores citaram uma mensagem de texto enviada por ela a um colega em 2022, na qual chamava de “ridículo” o fato de Elizabeth ter recebido mais de 11 anos de prisão no caso Theranos.

Os promotores acrescentaram que a mensagem era “extremamente necessária” devido a “uma tendência alarmante de fundadores e executivos de pequenas startups se envolvendo em fraudes, incluindo a apresentação de informações falsas sobre os produtos ou serviços centrais de suas empresas, para tornar suas empresas alvos atraentes para investidores e/ou compradores”. Fonte: Associated Press.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação da Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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