O diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, disse nesta quinta-feira, 9, que o ciclo de alta no juro, iniciado em dezembro do ano passado, se deu em um momento em que havia questionamentos sobre a funcionalidade da política monetária. “A gente via um processo de questionamento se as coisas estavam andando de fato como deveriam. Vimos o enfraquecimento da moeda e as expectativas de inflação bastante elevadas. Então questionou-se a funcionalidade da política monetária naquele momento e causou aquela volatilidade”, lembrou o diretor do BC, que participou nesta quinta-feira de evento da Câmara Espanhola, em São Paulo.
Ele destacou que naquele contexto o BC se comprometeu com três altas de 1 ponto porcentual na Selic, levando a um juro mais alto do que o imaginado pelo mercado. “Isso fez com que o ciclo de aperto monetário fosse bastante mais curto do que imaginado, e mais agudo, com uma reação bastante firme do Banco Central”, frisou Nilton, destacando que o cenário foi bastante atípico, já que mesmo com um juro bastante alto, tanto a inflação corrente quanto as expectativas estavam igualmente altas, acima de 5%.
Nilton David reforçou, porém, que a transmissão da política monetária para as expectativas não é imediata e que, ao fim, a decisão do BC de interromper o ciclo de ajuste monetário neste ano tem se provado acertada.
Aceitação da decisão
De acordo com o diretor do BC, essa decisão da autoridade monetária de interromper o ciclo de alta do juro, mesmo sem que as expectativas de inflação estivessem plenamente ancoradas se mostrou uma decisão correta e bem aceita pelo mercado financeiro.
“O Banco Central fez isso e o mercado imediatamente acatou. Ou seja, a conclusão que se chegou foi que essa decisão do BC de não ter que esperar, o que normalmente se esperaria em outros ciclos, que é ver a expectativa cair para interromper o ciclo, foi muito bem aceita”, afirmou Nilton. Neste contexto, ele destacou que esse “acerto” pôde ser visto a partir da redução da volatilidade nas curvas longas de juro.
Cenário
Ao comentar sobre o cenário econômico recente do País, Nilton destacou que a expectativa é de um crescimento menor da economia neste e no próximo ano, após quatro anos de surpresas para cima com a atividade. Esse contexto, acrescentou o diretor do BC, fez com que o crescimento do PIB estivesse acima do potencial da economia, e em um momento de desemprego baixo e inflação corrente acima da meta.
O cenário de expectativas desancoradas, disse ainda Nilton, é algo que segue incomodando o BC e que reforça a percepção de que os juros ainda ficarão parados por período prolongado. Na avaliação de Nilton, o atual ciclo monetário é também um pouco diferente de outros momentos, principalmente por conta do nível alto de incerteza global e pelo contexto em que se deu as alta dos juros.
“O atual ciclo é bastante particular e único, desde a sua gênese. O ciclo começou pela interrupção de um processo de afrouxamento monetário do ciclo anterior. Ou seja: os juros não haviam caído completamente Notou-se uma reversão das tendências de inflação e atividade naquele momento e decidiu-se pausar os cortes. E logo na sequência a Selic voltou a subir, então nunca partiu de um nível de juros baixo, por assim dizer”, frisou o diretor do BC.
Estabilidade da moeda
O diretor de Política Monetária do Banco Central destacou que a manutenção de um câmbio estável é um dos vetores que podem ajudar na moderação da inflação e, consequentemente, fazer com que as expectativas convirjam para mais perto da meta, de 3%.
A avaliação foi feita quando ele foi perguntado se tinha preferência por uma desinflação que acontece via desaceleração da atividade ou com ajuda do câmbio. “Não tenho preferência, sou bastante agnóstico e cada variável cumpre seu papel no processo. Tudo se soma para trazer a inflação à meta. É um conjunto, não tem preferência. Aliás, se fosse apenas um pilar desses, não conseguiria resolver o problema, tem que ser sempre um pacote”, afirmou ele.
No caso do câmbio, Nilton reforçou que tem havido menos volatilidade agora, o que é positivo. Segundo ele, essa queda na volatilidade é um sinal que reforça que há um consenso de que o BC está fazendo “a coisa certa”.
Em relação à volatilidade anterior, não só do câmbio, mas da economia global como um todo, o diretor do BC ponderou que, em um cenário incerto, que vem a reboque da política tarifária errática dos Estados Unidos, é natural que decisões sejam postergadas, o que afeta algumas variáveis importantes da economia.
Inflação
Durante sua exposição, o diretor do BC comentou que as projeções do modelo da autarquia para a inflação seguem indicando variações acima do centro da meta, para 2026 (3,6%) e 2027 (3,4%), o que segue sendo motivo de incômodo para todo o Comitê de Política Monetária (Copom).
Para este ano, acrescentou ainda Nilton, tanto o BC quanto o boletim Focus têm apontado para uma projeção semelhante de inflação, ao redor de 4,8%.
Em meio ao cenário de incertezas, Nilton comentou ainda que, por vezes, há diferenças entre a inflação implícita pelo mercado em algumas operações e o número que efetivamente vai para o boletim Focus. Ele destacou que, normalmente, as implícitas se movem com maior velocidade, visto que reagem mais aos ruídos de mercado, enquanto as expectativas do Focus “limpam” um pouco essa volatilidade. Ainda assim, o diretor do BC destacou que mesmo a inflação nas métricas implícitas mais recentes tem se comportado em linha com as expectativas do BC.
Por: Estadão Conteúdo
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