Em 11 de outubro é celebrado o Dia da Prevenção da Obesidade, uma data voltada à conscientização sobre essa doença crônica que vai muito além de uma questão estética: ela está associada a um aumento significativo no risco de desenvolver condições como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e renais, além de alguns tipos de câncer.
Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025, 68% da população brasileira apresenta excesso de peso, sendo 31% com obesidade e 37% com sobrepeso. Se nada for feito, estima-se que até 2044 quase metade dos adultos brasileiros (48%) vivam com obesidade.
Mundialmente, o Global Burden of Disease (publicado na revista The Lancet) prevê que, até 2050, mais da metade das pessoas com 25 anos ou mais e cerca de um terço de crianças e jovens serão afetados pela doença.
Entre 2003 e 2019, a obesidade mais que dobrou no Brasil, passando de 12,2% para 26,8% da população adulta, conforme a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Avanços nos tratamentos: fármacos, limites e expectativas
Nos últimos anos, uma nova geração de medicamentos – os agonistas de GLP-1, conhecidos como “canetas emagrecedoras” – revolucionou o tratamento da obesidade, promovendo perdas de peso superiores às terapias tradicionais em estudos clínicos.
“As projeções do mercado mundial são positivas e indicam um crescimento substancial nos próximos anos para novos fármacos, com uma possível competição entre os injetáveis potentes e os medicamentos orais. A tendência é de maior adesão à via oral, com impacto importante sobre a demanda e o preço”, explica o Prof. Dr. Durval Ribas Filho, nutrólogo, Fellow da Obesity Society (EUA) e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Apesar dos resultados satisfatórios obtidos com o uso das canetas emagrecedoras, elas devem ser prescritas por um médico, que avalia as necessidades do paciente. “Não existem remédios milagrosos. A prescrição correta, caso a caso, é essencial no tratamento de pacientes obesos, cuja doença implica várias comorbidades, como o diabetes”, alerta.
Segundo o médico, também é fundamental que essas terapias sejam incorporadas às políticas públicas de saúde, com critérios claros para seu uso. “O desafio é dispor de fármacos capazes de cuidar desses pacientes, controlar a obesidade e proporcionar melhor qualidade de vida a todos eles”, afirma.

Métodos de tratamento não medicamentosos para a obesidade
Mesmo com os avanços da farmacologia, os pilares do tratamento da obesidade continuam sendo as mudanças de estilo de vida, com acompanhamento multidisciplinar. Entre as abordagens fundamentais, destacam-se:
- Dieta individualizada, com foco em qualidade nutricional e déficit calórico consciente;
- Atividade física regular, combinando exercícios aeróbicos e de força;
- Acompanhamento psicológico, para tratar compulsões, ansiedade e outras questões emocionais ligadas ao comportamento alimentar;
Prevenção da obesidade
Para prevenir o desenvolvimento da obesidade ou sobrepeso, o nutrólogo lista algumas ações práticas e acessíveis:
- Adote refeições regulares e equilibradas, reduzindo alimentos ultraprocessados e açúcares adicionados;
- Movimente-se diariamente, mesmo que com caminhadas leves. O importante é a constância;
- Procure orientação profissional: nutrólogo, nutricionista e psicólogo são aliados importantes nesse processo;
- Cuide da saúde emocional, combatendo estresse e ansiedade, que estão ligados ao ganho de peso;
- Participe de redes e políticas de apoio, divulgando informações confiáveis e combatendo o uso de produtos sem eficácia comprovada.
“A combinação entre informação, acesso a tratamentos, políticas públicas eficazes e combate à gordofobia é o caminho para uma sociedade mais saudável, empática e inclusiva”, finaliza o Prof. Dr. Durval Ribas Filho.
Por Edna Vairoletti
Fonte: Portal EdiCase