Veja como os exercícios aeróbicos beneficiam mulheres na pós-menopausa



A queda hormonal que ocorre durante o climatério pode estar associada a importantes riscos para a saúde cardiovascular e mental, especialmente em mulheres que já atravessaram a fase da pós-menopausa. Diante desse cenário, a ciência busca compreender quais estratégias e intervenções podem ser aplicadas para enfrentar esses desafios, de forma a promover mais qualidade de vida e melhorar os resultados clínicos ao longo dessa etapa da vida.

O estudo de revisão sistemática “Impact of aerobic exercise on cardiovascular and mental health in postmenopausal women: a systematic review and meta-analysis”, publicado na edição de agosto do periódico Menopause, mostrou que o exercício aeróbico é responsável por melhorar muitos parâmetros de saúde.

“Os estudos mostram que os efeitos do exercício aeróbico para as mulheres nessa fase são altamente importantes em parâmetros cardiovasculares e resultados psicológicos. Dessa forma, além do tratamento para reposição hormonal e a necessidade de exercícios de força para reduzir o risco de sarcopenia, também são indicadas atividades aeróbicas, como caminhada, corrida, ciclismo, natação e tênis”, esclarece a Dra. Ana Paula Fabricio, ginecologista com Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia (TEGO).

Resultados positivos do estudo

Na revisão sistemática com meta-análise, foram incluídos ensaios clínicos randomizados (ECRs) que avaliaram intervenções de exercícios aeróbicos em mulheres na pós-menopausa. A revisão incluiu 61 ECRs com 4.100 mulheres (2.356 exercícios e 1.744 controle).

“O exercício aeróbico reduziu a pressão arterial sistólica em 4,5 mm Hg e a pressão arterial diastólica em 2,4 mm Hg. O colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL) aumentou em 2,4 mg/dL, enquanto o colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL) e os triglicerídeos diminuíram em 3,6 mg/dL e 7,7 mg/dL, respectivamente. O exercício aeróbico também reduziu as pontuações de ansiedade”, comenta a ginecologista.

Impactos das atividades aeróbicas na saúde da mulher

A Dra. Ana Paula Fabricio explica que, após a menopausa (50-59 anos de idade), observa-se uma maior prevalência de doenças cardiovasculares e metabólicas em mulheres. “Isso indica que a transição hormonal presente na menopausa é um importante fator de risco para a morbimortalidade feminina”, completa.

As atividades aeróbicas, segundo a médica, são indicadas não só para melhora da saúde metabólica, ajudando no emagrecimento, como também exercem efeitos importantes para manutenção da pressão arterial, perfil lipídico e triglicerídeos, além de diminuir o risco (e atuar como adjuvante no tratamento) de ansiedade.

“Particularmente sobre o colesterol, há uma redução da lipoproteína de baixa densidade (LDL) e dos triglicerídeos, enquanto há um aumento do colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL) em mulheres na pós-menopausa. O colesterol HDL ajuda a remover o excesso de colesterol do corpo, enquanto o LDL pode se acumular nas artérias, formando placas que aumentam o risco de doenças cardíacas”, completa a Dra. Ana Paula Fabricio.

Os exercícios aeróbicos ajudam no tratamento e controle da pressão arterial leve e moderada (Imagem: Avocado_studio | Shutterstock)

Exercícios aeróbicos ajudam a controlar a pressão arterial

A ginecologista ressalta que os exercícios aeróbicos são eficazes como terapia alternativa no tratamento e controle da pressão arterial leve e moderada. “Os exercícios como ciclismo, natação, subir e descer escadas, esteiras e corrida leve promovem resultados satisfatórios na redução da pressão arterial”, afirma a Dra. Ana Paula Fabricio.

A prática regular dos exercícios aeróbicos não só fortalece o corpo, mas também contribui diretamente para a saúde dos vasos sanguíneos e para o controle da pressão. “Essas atividades físicas melhoram a circulação e, por consequência, as substâncias excretadas das células endoteliais [células que revestem os vasos sanguíneos] ajudam na regulação da pressão arterial através do controle no tônus vascular [capacidade dos vasos sanguíneos de se contrair e relaxar]”, explica.

Ainda conforme a ginecologista, o exercício ajuda o corpo a produzir naturalmente uma substância que relaxa os vasos e melhora a circulação, o que contribui para a redução da pressão. “Outro efeito benéfico da prática regular de exercício físico no controle da pressão arterial é que o exercício físico estimula a secreção de óxido nítrico pelas células endoteliais, causando vasodilatação e controlando a pressão arterial a curto e médio prazo”, completa.

Atividade física ajuda a melhorar o humor pós-menopausa

A Dra. Ana Paula Fabricio explica que, no pós-menopausa, alterações hormonais também podem influenciar a produção de neurotransmissores ligados ao humor, como serotonina e dopamina. “Esse desequilíbrio, somado a fatores psicossociais como mudanças na imagem corporal, sintomas vasomotores e alterações no sono, contribui para que muitas mulheres relatem aumento da ansiedade, irritabilidade e até sintomas depressivos”, diz.

Por isso, os exercícios físicos podem ser grandes aliados para ajudar na regulação do humor. “A prática regular de exercício aeróbico atua positivamente nesse cenário, pois estimula a liberação de endorfinas e promove neuroplasticidade, ajudando a regular o humor, reduzir a tensão e melhorar a qualidade do sono, o que, por sua vez, impacta diretamente na sensação de bem-estar e no equilíbrio emocional”, comenta.

Benefícios para a saúde cardiovascular

A ginecologista ainda enfatiza que são inúmeros os benefícios do exercício para a redução do risco cardiovascular. “Destaque para a diminuição dos níveis de marcadores pró-inflamatórios, aumento da sensibilidade da insulina, e melhoria da capacidade cardiopulmonar”, lista.

A prática regular da atividade física é fundamental para assegurar a saúde da mulher na pós-menopausa. “Desta forma, é essencial que os profissionais de saúde incluam em suas estratégias a recomendação da prática do exercício físico, principalmente combinando exercício aeróbico e de força, promovendo bem-estar e prevenindo agravos à saúde da mulher”, finaliza.

Por Maria Claudia Amoroso





Fonte: Portal EdiCase

Redação EdiCase

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