União e PP formalizam federação e criam um novo partido já dividido


O PP e União Brasil selaram aliança, nesta terça-feira, 19, com a assinatura que forma a federação partidária entre os dois partidos, chamada União Progressista. No dia da criação, o grupo expôs divisão sobre ser ou não oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Enquanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) disse que a nova federação não é contra ou a favor do governo, os presidentes do União Brasil, Antônio Rueda, e do PP, Ciro Nogueira, disseram o contrário.

A oposição compareceu com volume e discursos críticos a Lula. Do grupo, discursaram o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União) e ainda houve pedido de aplausos para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Presidenciáveis como Tarcísio e Caiado cogitam o apoio da federação. O União Progressista terá a maior bancada na Câmara dos Deputados, com 109 cadeiras e no Senado Federal, com 15 parlamentares.

Além disso, a federação terá o maior número de governadores, no total são sete, e de prefeitos eleitos em 2024: foram 1.383. A federação também terá a maior fatia do fundo eleitoral (R$ 953,8 milhões, segundo valores de 2024) e do fundo partidário (R$ 197,6 milhões).

“A gente pode celebrar a junção de excelentes quadros. Eu como estrangeiro (Tarcísio é do Republicanos) nessa reunião quero dizer parabéns por esse passo e pode ter certeza que o Brasil conta com vocês”, disse Tarcísio.

Enquanto Nogueira define o novo grupo como “oposição conservadora”, ministros de ambas as legendas mantém os cargos na Esplanada. Caiado ainda cobrou uma posição clara da federação.

“Vamos desembarcar do governo o mais rápido possível”, disse Ciro Nogueira.

Outras lideranças até preferem dizer que o União Progressista não é nem governo e nem base. “Não é um movimento de oposição e situação. Foi um movimento de política com ‘P’ maiúsculo com o olhar voltado para o futuro do Brasil”, disse Alcolumbre.

O evento, realizado em Brasília, contou com a presença das principais figuras dos dois partidos e de outras legendas. Vieram, entre os ministros, André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo).

Além desses dois, o União Brasil tem outros dois indicados no governo Lula: Waldez Góes, da Integração, e Frederico Siqueira, da Comunicação. Integrantes do partido defendem que Góes e Siqueira não são exatamente indicações do União Brasil, mas de Alcolumbre.

A nível pessoal, o próprio Fufuca disse que está com Lula. “Meu voto pessoal é dele (Lula)”, disse.

Também compareceram, entre outros, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Nenhum petista veio.

Esse é o último passo até a formalização do grupo, a ser feita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Há decisões ainda a serem tomadas rumo à disputa eleitoral em 2026. De um lado, alas do PP defendem maior alinhamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – já o União tem um pré-candidato para a disputa pela Presidência da República no próximo ano: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.

O próprio Caiado cobrou uma posição clara da federação. “Partido tem que ter rumo, partido tem que voz clara. É preciso que o partido lance candidato, tenha posição clara e que a posição é derrotar Lula na eleição de 2026. Não tem opção”, disse.

Poucos minutos depois, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL) pediu aplausos a Bolsonaro. Maior parte dos políticos presentes aplaudiu.

O cenário de indecisão pode render problemas no futuro em alguns Estados. Em lugares como Bahia ou Paraíba, o PP faz parte da base do governo estadual enquanto o União compõe a oposição e pretende disputar a eleição em 2026.

Essas decisões geralmente são tomadas pelos diretórios estaduais, mas tamanho o impasse, alguns desses diretórios ficarão vagos – caso da própria Paraíba.

O estatuto definido em convenção definiu que, em caso de conflito, a decisão em torno das candidaturas majoritárias estaduais será submetida a decisão do diretório nacional.

Mesmo o diretório nacional passa por uma disputa de forças – neste ano, a presidência será dividida entre os presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do União, Antônio Rueda.

Alguns deputados federais e estaduais admitiram ao Estadão que podem abandonar a federação a depender de como ficará a questão em seus Estados.

Sem definição, líderes do partido dizem que esperam até a janela partidária (período em que políticos podem trocar de partido sem perder o mandato), em abril de 2026, para fechar questão sobre o tema.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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