Taxas futuras sobem com exterior e cautela sobre julgamento de Bolsonaro


A curva de juros futuros teve mais uma sessão de oscilações tímidas nesta terça-feira, com saldo de alta no pregão. A liquidez foi reduzida, com investidores à espera do resultado do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), ainda em andamento, e do IPCA de agosto, a ser conhecido amanhã. A segunda etapa da sessão foi marcada por aumento em quase todos os vértices.

Os rendimentos dos títulos públicos americanos mostraram elevação firme hoje, o que determinou o comportamento do mercado local de juros na ausência de vetores domésticos mais relevantes. No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 subiu de 13,921% no ajuste de segunda-feira para 13,97%. O DI para janeiro de 2028 aumentou a 13,28%, de 13,238% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2029 avançou de 13,177% ontem no ajuste a 13,215%. O DI para janeiro de 2031 marcou 13,49%, vindo de 13,478% no ajuste da véspera.

Hoje, o Departamento do Trabalho dos EUA divulgou uma revisão preliminar do payroll, que apontou que a geração de empregos até março de 2025 foi superestimada em 911 mil vagas, ou seja, o mercado de trabalho teve desempenho ainda mais fraco no período recente. Apesar do expressivo ajuste para baixo na série histórica, a curva de juros americana abriu porque tanto os números de julho quanto de agosto vieram bastante abaixo do esperado, e endossaram apostas de corte pelo Federal Reserve em setembro. Assim, a percepção do mercado foi de que a dinâmica de criação de empregos no país perdeu fôlego em ritmo mais gradual, e não tão significativo como os dois últimos meses haviam sinalizado.

“Após o surpreendentemente fraco relatório de emprego da última semana, fica evidente o enfraquecimento do mercado de trabalho. No entanto, as demissões seguem contidas e, fora do mercado de trabalho, os indicadores de atividade econômica nos EUA estão menos preocupantes, com sinais de expansão contínua tanto no consumo quanto na atividade corporativa, enquanto os resultados corporativos continuam positivos”, afirma Seema Shah, estrategista-chefe da Principal Asset Management. “Caso esse cenário se mantenha, as demissões tendem a continuar em níveis baixos”, comentou.

Economista-chefe da Equador Investimentos, Eduardo Velho afirma que o exterior foi mais uma vez o principal condutor dos negócios no mercado de DIs. “O mercado está concentrado em eventuais movimentos do dólar e eventuais novas sanções financeiras ou diplomáticas dos EUA. Aí podemos ter um estresse, mas nada muito sustentável”, avalia Velho.

Por aqui, o pano de fundo político, com a retomada do julgamento de Bolsonaro no STF, manteve os investidores em compasso de espera. Nesta tarde, os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram pela condenação do ex-presidente e 7 corréus na ação penal por tentativa de golpe de Estado. “O mercado de juros aguarda que o desfecho, com a esperada prisão de Bolsonaro, possa afetar o dólar. Hoje o desempenho dos DIs foi mais colado ao mercado internacional”, reforçou o economista-chefe da gestora.

Segundo Marianna Costa, economista-chefe da Mirae Asset, a elevação na curva de juros, mesmo com maior potencial de volatilidade devido à liquidez fraca dos negócios, foi moderada, e refletiu, além do exterior, apreensão sobre a situação de Bolsonaro. “Por mais que haja largo consenso de que haverá condenação do ex-presidente, ainda existem dúvidas sobre o tamanho de sua pena e, junto a isso, pressão que partidos de oposição podem fazer no Congresso para que o projeto de anistia caminhe”.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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