Os juros futuros negociados na B3 emendaram a quinta sessão consecutiva de queda e renovaram mínimas intradia no pregão desta sexta-feira, 24. A leitura disseminada desde o início da semana de que os preços estão desacelerando mais rápido do que o esperado foi reforçada pelo IPCA-15 de outubro, que surpreendeu com número cheio abaixo do previsto e aberturas qualitativas mais benignas.
Lá fora, o CPI de setembro, também divulgado nesta sexta e igualmente aquém das expectativas do mercado, acentuou a tendência de declínio dos DIs, ao reforçar a visão de que o Federal Reserve (Fed) tem margem para seguir cortando o juro básico dos Estados Unidos. Embora a relação entre a política monetária americana e a local não seja automática, o aumento do diferencial de juros favorece a valorização do real ante o dólar pelo canal de operações de carry trade, o que consequentemente ajuda a controlar a inflação.
Com a postura dura do Banco Central em suas últimas comunicações, um corte em dezembro segue opção fora da mesa para a maior parte dos agentes, mas aumentam as discussões sobre o início do ciclo de flexibilização monetária em janeiro do ano que vem. Segundo Flávio Serrano, economista-chefe do banco BMG, a curva precifica 67% de chance de que a taxa básica seja cortada em 0,25 ponto no primeiro mês do próximo ano, porcentual que estava em 63% ontem.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 cedeu de 13,876% no ajuste de quinta-feira a mínima intradiária de 13,805%. O DI para janeiro de 2028 diminuiu de 13,161% no ajuste antecedente a 13,080%, também mínima intradia. O DI para janeiro de 2029 marcou 13,030%, vindo de 13,123% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2031 recuou de 13,415% no ajuste a mínima intradia de 13,300%.
O cômputo semanal também foi de deslocamento para baixo da curva a termo. Segundo a equipe econômica do Santander, a redução das taxas foi relativamente homogênea em todos os vencimentos, com nível de inclinação similar à da última semana. “O mercado segue ponderando os riscos de desaceleração mais intensa do que o antecipado para a economia brasileira, além de monitorar a situação dos mercados de crédito, o que tem favorecido posições aplicadas”, diz o banco em relatório.
“O cenário de inflação convergindo para patamar dentro dos limites da meta com arrefecimento lá fora ajuda em um corte de juros aqui”, afirma João Freitas, estrategista da Toro Investimentos, destacando que a inflação acumulada pelo IPCA-15 em 12 meses ter voltado a ficar abaixo de 5% é um sinal emblemático.
A prévia da inflação oficial desacelerou de 0,48% em setembro para 0,18% em outubro, ante estimativa de 0,24% apontada pelo Projeções Broadcast. A medida em 12 meses também perdeu fôlego, de 5,32% a 4,94%. Além da surpresa com o headline, economistas destacaram a moderação da inflação de serviços subjacentes, mais relacionados à política monetária, assim como dos bens industriais, núcleos de inflação e dados de difusão.
Nos EUA, o CPI subiu 0,3% no mês passado frente a agosto, 0,1 ponto aquém da mediana de analistas do Projeções Broadcast. Na comparação anual, o CPI avançou 3%, ante expectativa de 3,1% dos analistas consultados. “O apagão de dados devido o shutdown continua sendo importante, mas o CPI torna mais forte a percepção de que há espaço para o Fed seguir em movimento de queda de juros”, disse Freitas, da Toro.
“O núcleo de serviços, excluindo habitação, continua rodando em um patamar um pouco acima do desejado, mas não revela maiores preocupações em relação a efeitos de segunda ordem da alta das tarifas sobre os demais preços da economia. Avaliamos que o CPI de hoje dá conforto ao Fed para continuar reduzindo a taxa de juros no ritmo de 25 pontos-base por reunião”, avalia Luis Cezario, economista-chefe da Asset 1.
Por: Estadão Conteúdo









