Taxas de juros futuras andam de lado nesta sexta com cautela sobre quadro fiscal


Com os investidores ainda receosos quanto ao viés mais expansionista da política fiscal, os juros futuros negociados na B3 não acompanharam em igual intensidade a valorização do real e fecharam praticamente estáveis ante os ajustes na sessão desta sexta-feira, 17. Notícias que circularam sobre possível manobra do legislativo para conseguir aprovar gastos fora do arcabouço fiscal impuseram rigidez nos trechos intermediários e longos da curva, que operaram em viés de alta em boa parte da tarde, a despeito da firme queda do dólar no pregão.

O dia foi de liquidez reduzida nos negócios e sem publicação de indicadores econômicos relevantes, o que também contribuiu para a oscilação tímida das taxas. No exterior, ainda sem dados oficiais americanos devido à continuidade do “shutdown”, a percepção de alívio das tensões entre Estados Unidos e China, após declarações em tom mais conciliatório do presidente Donald Trump e do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, pressionou os rendimentos dos Treasuries, na medida em que aumentou a busca por ativos de maior risco.

Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro para janeiro de 2027 passou de 14,023% no ajuste de quinta-feira, 16, para 14,010%. O DI para janeiro de 2028 oscilou de 13,367% no ajuste antecedente a 13,360%. O DI para janeiro de 2029 também ficou praticamente estável, em 13,33%, de 13,32% no ajuste. O DI para janeiro de 2031 marcou 13,605%, vindo de 13,582% no ajuste da véspera.

Diretor de gestão e economista da Alphawave Capital, Tiago Hansen afirma que o mercado externo exibiu comportamento mais volátil na abertura da sessão devido a uma crise de liquidez em dois bancos regionais americanos, mas os ativos melhoraram a performance após Trump ter afirmado que as tarifas adicionais de 100% anunciadas anteriormente para produtos chineses não devem se concretizar. Bessent disse que deve se encontrar com representantes do país asiático ainda nesta sexta.

O presidente americano, por sua vez, confirmou que deve se reunir nas próximas semanas, na Coreia do Sul, com seu homólogo chinês, Xi Jinping. Na esteira das falas mais amistosas, o dólar à vista renovou mínima nas cercanias de R$ 5,40 por volta das 15h30, mas a curva não se beneficiou do movimento e manteve a dinâmica de abertura no restante da tarde, ainda que modesta.

“Temos nossos problemas fiscais internos. Cada dia sai uma nova liberação para o governo gastar”, diz Hansen, referindo-se a um projeto de lei que tramita no Senado que teria potencial de piorar o quadro fiscal. O PLP 163/2025 retira da meta fiscal e do limite de gastos cerca de R$ 1,5 bilhão em recursos do Fundo Social (FS), destinados anualmente a programas de educação e saúde. O texto, já aprovado pela Câmara, consta na pauta do Senado, mas não deve ser apreciado pelos senadores, disse o líder do governo no Casa, Jaques Wagner (PT-BA). Mesmo assim, em meio ao ambiente de maior pressão fiscal, a notícia fez preço nos Dis desta sexta, aponta o economista.

“Considerando as taxas de longo prazo, as incertezas sobre as contas públicas estão fazendo com que a curva tenha leve abertura, o que também aconteceu ao longo da semana”, concorda Otávio Araújo, consultor sênior da Zero Markets Brasil. “Temos um governo expansionista que já anunciou que está buscando alternativas para fazer frentes ao seus gastos”, disse.

No cômputo da semana – marcada pela divulgação dos dados de atividade referentes a agosto que confirmaram desaquecimento gradual da economia e questionamentos sobre o quadro fiscal após a derrota da Medida Provisória (MP) 1.303, que apresentava alternativas à alta do IOF – a curva mostrou volatilidade, mas terminou em nível muito próximo ao observado na semana anterior. O DI para janeiro de 2027 subiu 1 ponto-base, enquanto as taxas para o primeiro mês de 2029 e de 2031 cederam cerca de 8 pontos-base, considerando níveis de fechamento da última sexta-feira.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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