O tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a exportadores brasileiros afetou em agosto alguns segmentos da Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo André Macedo, gerente da pesquisa, os questionários referentes a julho já tinham mostrado alguns informantes sinalizando influência do tarifaço nas expectativas e na produção futura, mas agora houve registros mais relevantes em atividades mais exportadoras, como madeira, móveis e extrativas.
“Isso apareceu no mês de agosto, pontualmente já tinha aparecido no mês de julho. Agora no mês de agosto aparece com mais clareza. Isso ainda é pontual, não é predominante dentro das informações coletadas pela pesquisa, aparece especialmente nos informantes mais voltados para exportação”, explicou Macedo.
Segundo ele, em agosto, questionários mostraram informantes apontando o tarifaço como justificativa para uma redução do nível de produção.
Na passagem de julho para agosto, a fabricação de produtos de madeira encolheu 8,6%; extrativas caíram 0,3%; móveis tiveram apenas ligeira alta de 0,1%.
Alta na produção
A produção industrial brasileira subiu 0,8% em agosto ante julho, na série com ajuste sazonal, segundo a pesquisa divulgada nesta sexta-feira, 3, pelo IBGE. Em relação a agosto de 2024, a produção caiu 0,7%.
No acumulado do ano, a indústria subiu 0,9%. No acumulado em 12 meses, houve alta de 1,6%, ante aumento de 1,9% até julho.
O índice de Média Móvel Trimestral da indústria registrou alta de 0,3% em agosto.
A produção da indústria de bens de capital caiu 1,4% em agosto ante julho. Na comparação com agosto de 2024, o indicador recuou 5,0%. Já a produção de bens de consumo registrou alta de 0,8% na passagem de julho para agosto. Na comparação com agosto de 2024, houve recuo de 4,9%.
Na categoria de bens de consumo duráveis, a produção subiu 0,6% em agosto ante julho. Em relação a agosto de 2024, houve queda de 4,0%. Entre os semiduráveis e os não duráveis, houve alta de 0,9% na produção em agosto ante julho. Na comparação com agosto de 2024, a produção caiu 5,1%.
Para os bens intermediários, o IBGE informou que a produção subiu 1,0% em agosto ante julho. Em relação a agosto de 2024, houve alta de 2,0%.
Destaques de agosto
A alta de 0,8% na produção industrial nacional em agosto ante julho foi puxada, sobretudo, pela expansão nas atividades de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (13,4%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,8%) e produtos alimentícios (1,3%).
Na passagem de julho para agosto, houve crescimento em 16 dos 25 ramos industriais pesquisados. Houve influência positiva relevante também de impressão e reprodução de gravações (26,8%), veículos automotores (1,8%), produtos diversos (5,8%), outros equipamentos de transporte (4,4%) e bebidas (1,7%).
Na direção oposta, entre as nove atividades com recuos, o principal impacto negativo foi de produtos químicos (-1,6%). Outras perdas significativas ocorreram em máquinas e equipamentos (-2,2%), produtos de madeira (-8,6%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-3,6%) e indústrias extrativas (-0,3%).
Por: Estadão Conteúdo