Sul-americanos dão vida ao Mundial em meio a desinteresse de americanos: ‘Carregam o torneio’


Não fossem sul-americanos e africanos espalhados nas ruas e nas arquibancadas dos estádios que são palcos das partidas do Mundial de Clubes, seria difícil notar que a inédita competição organizada pela Fifa está sendo disputada nos Estados Unidos.

Enquanto europeus não se importam tanto com a competição e os americanos mostram total desinteresse, brasileiros, argentinos e torcedores africanos dão vida e emoção ao torneio, com festas fora e dentro das arenas.

Os palmeirenses lotaram bares, ônibus turísticos, um barco e se aglomeraram na Brooklyn Bridge e na Times Square em festa exaltada pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino.

“Muitos me perguntam no trabalho ‘o que está acontecendo, por que tem tanta gente de verde?’ Se a ideia da Fifa era fazer o americano se interessar mais pelo futebol, acho que o palmeirense está contribuindo muito com isso. O Palmeiras está dando vida a esse torneio”, diz Adriano Branco, cônsul do Palmeiras em Nova York, um dos responsáveis por amealhar milhares de palmeirenses para os jogos nos Estados Unidos.

“Se tem alguma chance de o Palmeiras ganhar esse Mundial vai ter que ser do mesmo jeito que foi em Montevidéu”, acrescenta, citando a final da Libertadores vencida sobre o Flamengo em 2021 que deu ao Palmeiras o direito de disputar esse inédito Mundial.

Os palmeirenses foram maioria do MetLife contra o Porto e, diante do Al-Ahly, as arquibancadas estiveram divididas.

“Os sul-americanos, por perfil, são os que fazem as melhores festas. Acho que também os africanos ajudam a dar mais emoção e cara de torneio importante para esse Mundial”, opina o palmeirense Rafael Zagatti, que estava em todos os eventos que a torcida organizou em Manhattan.

Infantino tem a missão de que o campeonato seja atrativo e lançou mão de promoções de ingressos para evitar que os jogos sejam disputados em estádios esvaziados. Apesar de negar, ele encara o torneio como um evento-teste para a Copa do Mundo de 2026. O Mundial nos Estados Unidos ter boa imagem perante a opinião pública é fundamental ao dirigente ítalo-suíço.

Jornalista americano do portal Goal, Jacob Schneider conta que alguns americanos só deram alguma atenção para a Juventus, que estreou com goleada de 5 a 0 sobre o Al Ain, porque o time italiano tem dois jogadores da seleção dos Estados Unidos: Weston McKennie e Timothy Weah.

“A torcida do Palmeiras tem sido a melhor presencialmente até agora, e sua tomada da Times Square em Nova York foi um espetáculo. As torcidas do Fluminense, do Flamengo, do Boca e do River também foram brilhantes”, afirma o repórter. “Acho que as equipes sul-americanas estão carregando a competição até agora, em termos de desempenho e público”, constata ele.

O desempenho, de fato, também tem sido notável, visto que os sul-americanos estão invictos na competição. A melhor campanha é do Botafogo, que derrubou o poderoso Paris Saint-Germain, atual campeão europeu, em Los Angeles, com vitória por 1 a 0.

Os preços pouco acessíveis de ingressos – reduzidos apenas dias antes dos jogos para evitar um fiasco – e a dificuldade de deslocamento nas 11 cidades que recebem as partidas no quarto maior país do mundo em extensão territorial são obstáculos para os torcedores.

Os argentinos, contudo, sempre encontram uma alternativa, e transformaram a turística cidade do Estado da Flórida em Bombonera. São milhares de torcedores do Boca Juniors que se reúnem para organizar “bandeiraços” nas praias. Eles esgotaram todos os ingressos para as três partidas da equipe na fase de grupos e estão entre os que mais compraram bilhetes.

Foram mais de 50 mil contra o Benfica e é esperado público parecido no Hard Rock Stadium para ver o Boca desafiar a soberania do Bayern de Munique nesta sexta-feira, 20.

Outro motivo de haver tanta gente em Miami é Lionel Messi. O atleta eleito oito vezes o melhor do mundo garantiu vitória de seu time, o Inter Miami, sobre o Porto, e tem sido importante para fazer crescer – ainda que lentamente – o interesse pelo futebol nos Estados Unidos.

“Nesses meses, pude ver e viver na própria pele os rivais que mudam de estádio para ter mais capacidade para as pessoas verem o Messi. Uma comunidade tão latina como Miami precisava de um clube de futebol”, falou Javier Mascherano, técnico de Messi no Inter Miami.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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