Setor privado esvazia COP-30 em Belém e volta o foco para eventos em SP


Apesar da convocação do presidente da COP-30, o embaixador André Corrêa do Lago, para que o setor privado vá à Belém participar da conferência sobre mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), os principais representantes desse segmento, os CEOs das grandes empresas, não deverão viajar ao Pará. A avaliação dos executivos, que pediram para não serem identificados, é que há um risco de se tornarem alvos de ataques de ativistas ambientais e que a questão logística – principalmente a escassez de locais para hospedagem – dificulta a participação no evento.

Alguns executivos estão optando por fazer bate e volta de São Paulo para Belém, cedendo espaço para que os profissionais da área de sustentabilidade de suas empresas estejam na COP por um período mais longo. Outros participarão apenas de eventos sobre sustentabilidade que ocorrerão em São Paulo na semana que antecede a COP-30, além de reuniões fechadas.

No fim de agosto, em sua última carta divulgada até agora, Corrêa do Lago convidou o “setor privado – CEOs, investidores, inovadores, empreendedores – a se unirem a nós”. “Venham a Belém, tragam e conheçam soluções, colaborem e contribuam”, escreveu o presidente da COP-30. O embaixador reconheceu que há desafios logísticos, mas acrescentou que é “exatamente este o momento em que o setor privado pode liderar pelo exemplo, demonstrando que liderança climática significa engajamento com o mundo real”. Para o presidente da COP-30, é necessária uma colaboração público-privada para que se consiga adotar medidas de combate à crise climática na escala necessária.

Executivos, no entanto, apontam que, por questões de compliance, não podem se hospedar em apartamentos cujos proprietários são pessoas físicas. Os preços elevados dos hotéis desestimularam as empresas a levarem equipes maiores e, em meio à onda de notícias negativas a respeito da questão logística, houve um recuo geral dos CEOs.

AGENDA PARALELA. Enquanto Belém sofrerá esse esvaziamento, São Paulo deverá observar um movimento intenso do setor privado nos dias que antecedem a conferência da ONU. Entre os grupos de WhatsApp do empresariado, circula o slogan “A COP também é aqui”. São Paulo receberá, por exemplo, o Climate Action Innovation Zone, evento entre 6 e 9 de novembro no qual serão apresentadas soluções e inovações de empresas para a questão climática. O diretor-geral do International Finance Corporation (IFC), Makhtar Dipo, será um dos palestrantes do evento, que pela primeira vez desde 2021 não acontece na cidade-sede da COP.

Uma das organizadoras do Climate Implementation Zone (programação que faz parte do Climate Action Innovation Zone), Marina Cançado, fundadora da gestora de recursos Converge Capital, afirma que o evento será realizado em São Paulo para mostrar para quem não vai para Belém o comprometimento do setor privado com a agenda climática.

Também nos dias anteriores à conferência de Belém, que ocorrerá entre os dias 10 e 21 de novembro, o setor privado deverá se encontrar em São Paulo para o Finance Forum (organizado pela Bloomberg Philanthropies e agendado para os dias 3, 4 e 5 de novembro) e o PRI in Person (conferência sobre investimento responsável), entre 4 e 6 de novembro.

Iniciativa liderada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para que o setor privado influencie nas decisões que serão tomadas na conferência sobre o clima, a Sustainable Business COP (SB COP) participará do Finance Forum com uma programação em que também apresentará soluções das empresas para o clima e o meio ambiente.

A SB COP reúne entidades equivalentes à CNI de 43 países, representando 35 milhões de empresas. Nas últimas edições da COP, de 2024, no Azerbaijão, de 2023, nos Emirados Árabes Unidos, e de 2022, no Egito, a presença de grandes CEOs também não foi significativa. Mas, na de 2021, na Escócia, houve uma presença relevante, dizem os executivos.

De forma reservada, representantes do setor privado mais próximos à organização da COP afirmam que já ficou claro que serão poucos os presidentes de grandes companhias presentes na conferência. A intenção, portanto, será valorizar os que estiverem em Belém e dar destaque ao fato de que a empresa que enviou seu CEO coloca a agenda climática como uma pauta prioritária. Também está sendo articulado para que esses poucos CEOs presentes atuem como representantes informais de seus setores de atuação. A ideia é que eles conversem com seus colegas e levem os posicionamentos setoriais.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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