Senado aprova projeto que enquadra misoginia como crime de discriminação


A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira, 22, projeto de lei que inclui a misoginia entre os crimes de descriminação previstos na Lei do Racismo (Lei nº 7.716/89). Ele segue para a Câmara dos Deputados a menos que algum senador apresente até a próxima quarta-feira, 29, recurso para que o texto seja votado no plenário.

A proposta da senadora Ana Paula Lobato (PDT-MA) define misoginia como conduta que manifeste ódio ou aversão às mulheres, baseada na crença da supremacia do gênero masculino. A relatora na CCJ foi a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que apresentou parecer favorável.

Sem a tipificação, as condutas são enquadradas como injúria ou difamação, dependendo da interpretação jurídica adotada – que têm penas menores. A pena para os crimes previstos na Lei nº 7.716 vão de dois a cinco anos de reclusão, além de multa.

Se o projeto for sancionado após passagem pela Câmara, o primeiro artigo da lei passará a dizer: “Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional ou praticados em razão de misoginia”.

A relatora Soraya Thronicke defendeu a proposta original e rejeitou um texto alternativo elaborado pela Comissão de Direitos Humanos da Casa, que tratava o tema como injúria individual. Segundo ela, a misoginia deve ser reconhecida como uma ofensa coletiva, que atinge todas as mulheres, e não apenas casos isolados.

“O desprezo pelas mulheres e sua inferiorização diante do homem são marcas da violência de gênero. Nesse contexto, há utilidade em enquadrar a misoginia como crime de preconceito: por exemplo, negar emprego, proibir entrada em um estabelecimento ou injuriar alguém apenas por ser mulher”, explicou a senadora.

“Depois de estudar o tema e viver isso como parlamentar, percebi o quanto a misoginia está enraizada no cotidiano. Muitas vezes, as pessoas acham que podem se sobrepor a nós, mulheres, apenas pelo fato de sermos mulheres. É por isso que esse projeto é tão necessário”, completou.

Na CCJ, a proposta foi aprovada por 13 votos a 2. Se posicionaram contra os senadores Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Jorge Seif (PL-SC). “Eu procurei refletir se conheço algum homem, independente da orientação sexual, que realmente odiasse uma mulher. Não lembro de ninguém. Já vi discussões e ofensas, mas daí a transformar isso em tipo penal me parece algo gravíssimo”, disse Seif.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

Recent Posts

Empresários de Goiânia celebram o encerramento do ALI Produtividade com resultados expressivos | ASN Goiás

Para celebrar o encerramento do ciclo 2 do Programa ALI Produtividade, da Regional Central do…

48 minutos ago

13 opções de comidas vegetarianas para o Natal

À medida que mais pessoas adotam o estilo de vida vegetariano, seja por razões éticas,…

58 minutos ago

Primeiro emprego: 7 dicas para se destacar na entrevista em 2026

No fim do ano, o mercado de trabalho costuma ficar mais aquecido, não apenas com…

1 hora ago

Férias de verão: 10 passos essenciais para proteger a pele e prevenir o câncer

Os meses mais quentes do ano convidam para mergulhos, viagens e passeios prolongados, mas também…

2 horas ago

Ranking da CBF: Flamengo segue líder e Corinthians sobe para segundo

Pelo sexto ano consecutivo, o Flamengo encerrou a temporada na liderança do Ranking Nacional dos…

3 horas ago

CBG convoca seleção brasileira de GR para o ano de 2026

O Brasil já conhece as atletas que o representarão nas competições de ginástica rítmica (GR)…

4 horas ago

This website uses cookies.