Padre Robson de Oliveira, em Trindade, Goiás — Foto: Reprodução/TV AnhangueraA sexta turma do Superior Tribunal de Justiça - STJ - rejeitou nesta terça-feira, 15, mais um pedido feito pelo Ministério Público de Goiás - MP-GO - para retomar a investigação contra supostos desvios de dinheiro da Associação Filhos do Pai Eterno - Afipe - enquanto o padre Robson de Oliveira era presidente da entidade.

O advogado Pedro Paulo Medeiros, que defende o padre na Justiça, explicou que a decisão do ministro Olindo Menezes não muda nada no processo, que já está arquivado definitivamente. Segundo o advogado, este foi o quarto recurso rejeitado pelos ministros.

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O Ministério Público de Goiás informou por meio de nota que vai recorrer da decisão.

O religioso tinha sido denunciado pelo MP por apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro doado por fiéis. O padre Robson sempre negou irregularidades enquanto presidiu a Afipe.

"Nada muda no processo. Só confirma a decisão do TJ-GO que sustou a investigação. O processo foi arquivado definitivamente e vai continuar. A decisão do STJ é de que não há motivos para a reabertura das investigações", esclareceu Pedro Paulo Medeiros.

O ministro Olindo Menezes explicou que é possível o ingresso de agravo contra decisão da presidência ou vice-presidência de Tribunais de Justiça quando o recurso especial é inadmitido, o que não é o presente caso.

"Não é necessário o julgador enfrentar todos os precedentes citados pela parte recorrente, ainda mais o que se verifica é a inadmissibilidade recursal", declarou o ministro durante a sessão.

Entenda o bloqueio
Em outubro de 2020, o Tribunal de Justiça determinou que as investigações fossem interrompidas por entender que não estavam presentes os crimes apontados pelos promotores. Após recursos, o caso foi para o STJ, que em maio do mesmo ano, manteve a investigação bloqueada.

À época, o desembargador Olindo Menezes considerou que as provas usadas pelo Ministério Público durante a operação foram compartilhadas de maneira ilegal de outra apuração.

O MP entrou com recursos pedindo a retomada da investigação, o que foi rejeitado pelo ministro Olindo Menezes em todos os julgamentos.

Investigação do MP
O Ministério Público de Goiás investigava, em 2018, supostos desvios milionários de dinheiro doado por fiéis à Afipe. Esse dinheiro, segundo promotores, deveria ter sido usado na construção da nova Basílica de Trindade e manutenção da entidade e ações para os fiéis.

Mas o padre teria gasto mais de R$ 100 milhões na compra de casas, fazendas, e até um avião, quando era reitor da Afipe. O MP abriu então dois processos contra o padre: um criminal e um cível, por improbidade administrativa no uso do dinheiro.

O processo criminal foi trancado no Tribunal de Justiça e, posteriormente, o inquérito civil público também. A partir daí, iniciou-se uma disputa judicial para dar andamento aos processos entre o MP e a defesa do advogado.

Vendilhões
A Operação Vendilhões surgiu após uma investigação que apurou uma série de extorsões feitas por hackers contra o padre para que um suposto relacionamento amoroso dele não fosse divulgado. Ao todo, o padre pagou R$ 2,9 milhões com dinheiro da Associação dos Filhos do Divino Pai Eterno (Afipe) em troca do arquivamento das mídias.

Em dezembro de 2020, padre Robson e outras 17 pessoas foram denunciadas por organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Porém, o processo foi bloqueado pela Justiça.



Fonte: G1 Goiás | Estamos com uma nova conta no Instagram! Fique bem informado. Clique aqui e siga-nos