Republicanos correm para aprovar pacote tributário de Trump em meio a impasses internos


Os republicanos da Câmara dos Estados Unidos tentavam nesta quarta-feira, 21, acelerar a votação do pacote fiscal de trilhões de dólares proposto por Donald Trump, mas a falta de consenso dentro do próprio partido travou os planos da liderança. Enquanto a ala moderada pedia alívio tributário para estados com impostos altos, os conservadores exigiam cortes mais profundos em programas sociais como o Medicaid.

A proposta representa uma das maiores apostas fiscais da atual gestão republicana: ela estende cortes de impostos prestes a expirar e propõe novas isenções. A conta, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), seria de quase US$ 3 trilhões em déficits até 2034.

A tramitação, porém, virou um campo minado. O texto final ainda não havia sido divulgado até o início da tarde de quarta-feira e, embora a liderança tenha conseguido fechar um acordo parcial com moderados na noite anterior, conservadores ainda não estavam convencidos.

O impasse gira em torno de dois pontos principais: o limite para a dedução de impostos estaduais e locais (SALT), que moderados querem elevar de US$ 30 mil para US$ 40 mil; e as exigências do grupo mais à direita por cortes mais rápidos no Medicaid e o fim de incentivos à energia limpa.

Segundo fontes próximas às negociações, um acordo chegou a ser esboçado com a Casa Branca durante a madrugada, mas foi rejeitado pelo gabinete do presidente da Câmara, Mike Johnson. Com apenas três votos de folga entre os republicanos – e a oposição dos democratas -, Johnson precisa de quase unanimidade interna para aprovar o texto.

Outro ponto polêmico é a proposta de endurecer os critérios de acesso ao Medicaid, exigindo que a maioria dos adultos sem filhos e sem deficiência comprove 80 horas de trabalho por mês.

Para o CBO, essa mudança pode cortar a cobertura de saúde de ao menos 8,6 milhões de pessoas até 2034 – principalmente trabalhadores informais, imigrantes e adultos em situação de vulnerabilidade. Já os democratas acusam o projeto de ser uma redistribuição às avessas: cortes em benefícios para financiar isenções para os mais ricos. A análise do CBO mostra que os 10% mais ricos seriam os maiores beneficiados.

A tensão aumentou durante a madrugada na reunião do Comitê de Regras, que começou à 1h da manhã. Parlamentares reclamaram do horário e da falta de transparência. “Por que não debater este projeto em horário nobre, quando a maioria dos americanos pode assistir?”, questionou o democrata Jim McGovern.

Apesar das divergências, Johnson afirmou que pretende votar o pacote até o fim desta semana. Fonte: Dow Jones Newswires.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

Recent Posts

Lucro líquido do BNDES alcança R$ 13,3 bilhões no 1º semestre

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) alcançou um lucro líquido de R$…

1 minuto ago

Para Abras, isenção da cesta básica e corte da Selic ajudariam a mitigar impactos do tarifaço

O vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Márcio Milan, afirmou que medidas como a…

9 minutos ago

7 receitas de pão fit sem glúten

O crescente interesse por uma alimentação saudável e balanceada tem impulsionado muitas pessoas a buscarem…

24 minutos ago

Em votação simbólica, Câmara aprova urgência do projeto de lei que amplia isenção do IR

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira, 21, em votação simbólica, o requerimento de urgência…

28 minutos ago

Douglas Luiz troca reserva da Juventus por chance de jogar no Nottingham Forest mirando seleção

Douglas Luiz brilhou no Aston Villa em 2023 e foi eleito pelos torcedores o jogador…

30 minutos ago

This website uses cookies.