A Polícia Civil do Paraná identificou, neste sábado, 20, os corpos de Alencar Gonçalves de Souza Giron, Diego Henrique Affonso, Rafael Juliano Marascalchi e Robishley Hirnani de Oliveira. Três deles saíram da região de São José do Rio Preto (SP) e foram a Icaraíma (PR) para cobrar uma dívida de R$ 255 mil.
Os corpos foram localizados na noite de quinta-feira, 18, enterrados em uma vala na zona rural de Icaraíma, no Noroeste do Estado, após 44 dias de buscas. Neste sábado, após a conclusão dos exames papiloscópicos, os corpos foram oficialmente identificados.
A polícia tenta localizar Antônio Buscariollo, de 66 anos, e seu filho, Paulo Ricardo Costa Buscariollo, de 22. Ambos são suspeitos do crime e estão foragidos. As investigações continuam em andamento e estão sob sigilo.
Início do caso
Alencar Gonçalves de Souza contratou os amigos Robishley, Rafael e Diego para cobrar uma dívida referente à venda de uma propriedade rural, no Paraná, no valor de R$ 255 mil.
Alencar fez a venda à família Buscariollo. O pagamento foi dividido em dez notas promissórias de R$ 25 mil cada, mas nenhuma parcela foi paga. A polícia suspeita que Antônio e seu filho, Paulo, participaram de uma emboscada que resultou na morte das vítimas no momento da cobrança.
Os amigos saíram de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, no início de agosto para ajudá-lo na cobrança. Segundo a polícia, no dia 4 de agosto, eles foram até o distrito de Vila Rica do Ivaí para encontrar o devedor e combinaram retornar no dia seguinte.
Os quatro homens – Robishley, Rafael, Diego e Alencar – foram vistos pela última vez no dia 5 de agosto em Icaraíma. O último registro é de uma câmera de segurança em uma padaria da cidade, por volta das 10h. Eles pararam de contatar os familiares por volta das 12h do mesmo dia.
Na quarta-feira, 6 de agosto, a esposa de Robishley procurou a polícia do Estado de São Paulo para registrar o desaparecimento do marido e dos amigos dele.
Quem são as vítimas
– Alencar Gonçalves de Souza era morador de Icaraíma. Ele contratou os serviços dos três amigos de São Paulo. Era próximo da família de uma das vítimas.
– Rafael Juliano Marascalchi morava em São José do Rio Preto, era casado, pai e avô. Vivia da renda de seus imóveis e fazia serviços de cobrança para conhecidos.
– Robishley Hirnani de Oliveira tinha dois filhos. Era amigo de Rafael e o convidou para a viagem. Ele já tinha trabalhado com o colega em outras ocasiões.
– Diego Henrique Afonso era morador de Olímpia e acompanhava Rafael e Robishley na viagem para Icaraíma com a missão de cobrar a dívida.
As vítimas trabalhavam com cobrança de dívidas havia 13 anos.
Quem são os suspeitos
Os suspeitos de envolvimento no desaparecimento e no crime são Antônio Buscariollo e seu filho, Paulo Ricardo Costa Buscariollo.
A polícia foi à propriedade deles no distrito de Vila Rica do Ivaí no dia 6 de agosto. Ambos receberam a equipe e foram levados à delegacia. Eles confirmaram que houve um negócio de compra e venda de uma propriedade rural entre Alencar e dois parentes, mas negaram relação direta com a dívida.
Após serem liberados, desapareceram, o que levou a Justiça a expedir mandados de prisão temporária contra os dois. Desde então, são considerados foragidos.
O advogado de defesa da dupla, Renan Farah, alega que pai e filho são inocentes e fugiram por medo, após receberem áudios com ameaças de morte.
Além dos dois, todos os familiares que moravam no local também desapareceram e estão sendo investigados. Os nomes desses familiares não foram divulgados.
Desaparecimento
O carro em que as vítimas estavam foi encontrado numa sexta-feira, 12 de setembro. O veículo foi localizado pela Polícia Militar Ambiental de Umuarama, enterrado em um bunker em uma mata fechada na área rural de Icaraíma, coberto por uma lona.
Segundo o secretário de Segurança Pública do Paraná, coronel Hudson Leôncio Teixeira, a picape das vítimas foi encontrada após o pai de uma delas receber uma carta anônima com a localização do carro. Um informante também ajudou nas investigações.
O carro apresentava vestígios de sangue e marcas de disparos de arma de fogo, além de vidros quebrados e bancos danificados. O bunker estava localizado a 9 quilômetros da propriedade dos suspeitos de envolvimento no desaparecimento.
As buscas pelos desaparecidos eram realizadas diariamente desde o registro do desaparecimento, em 6 de agosto. As equipes tentaram reconstituir o itinerário dos envolvidos.
Fim das buscas
Após 44 dias, os corpos dos quatro homens foram encontrados na noite de quinta-feira. Eles estavam com marcas de tiro, enterrados em uma vala coberta por plantas, a uma distância de 650 metros do ponto onde a picape das vítimas havia sido encontrada.
A descoberta do carro em um bunker com vestígios de sangue levantou a suspeita de ocultação de provas. A investigação avançou com a localização de duas munições de calibre 9 milímetros na propriedade vendida por Alencar aos suspeitos, próximo ao local onde o carro foi encontrado.
A Polícia Científica realizou perícia no veículo apreendido dos suspeitos em 8 de agosto, mas os resultados não foram divulgados. As famílias das vítimas chegaram a oferecer uma recompensa de R$ 50 mil por informações.
O secretário de Segurança Pública do Paraná informou que a polícia não descarta que outras pessoas estejam envolvidas no crime.
Por: Estadão Conteúdo