A Prodam, empresa de tecnologia do município de São Paulo, afastou o diretor de Participação, Benício Teixeira Alves, até a conclusão de uma investigação interna sobre uma denúncia de injúria racial. A decisão foi tomada por unanimidade pelo Conselho de Administração.
Benício chamou outro diretor de “capitão do mato”. O colega é descendente de angolanos. A avô dele viveu em condição análoga à escravidão em Angola até 1953.
O diretor ofendido havia convocado funcionários a retornarem ao regime de trabalho presencial, quatro vezes na semana, com a justificativa de aumentar a produtividade.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação de São Paulo, a decisão violou um acordo coletivo sobre o teletrabalho, vigente até dezembro de 2026, que prevê um período de transição de 60 dias em caso de alterações setoriais.
Ao Estadão, Benício confirmou que comparou o gesto do colega “aos feitos de um capitão do mato” porque, segundo ele, os funcionários estavam sendo constrangidos e forçados a voltar imediatamente ao trabalho presencial.
O diretor afastado disse que não sabia da ascendência do colega e que já se retratou pela declaração. “Entendo que mesmo sendo forte e polêmica, [a fala] não se encaixa como assédio”, afirmou.
“E além disso, tenho como princípio básico o tratamento de muito educação, respeito e ética por todos. Ao comparar o diretor a um capitão do mato, quis fazer uma analogia histórica para salientar o caráter opressor, violento e desumano da pressão e do assédio exercido pelo diretor sobre os subordinados. A comparação não busca humilhar o diretor, mas sim expor e condenar a sua conduta”, acrescentou.
Em nota, a Prodam informou que o afastamento “tem como objetivo garantir a imparcialidade e a transparência na condução” da investigação administrativa e a “lisura” do processo.
A empresa afirmou ainda que está comprometida com a promoção de um ambiente de trabalho “respeitoso, inclusivo e alinhado aos valores de ética, diversidade e responsabilidade” e que não compactua com qualquer conduta que, se confirmada, viole esses princípios.
“O caso será apurado com rigor, isenção e respeito às normas legais, e a Prodam manterá seu compromisso com a transparência, sempre em defesa da dignidade de seus colaboradores e da confiança da sociedade”, diz a nota.
Por: Estadão Conteúdo