O orçamento hospitalar ganhou em setembro um alívio de 0,38% decorrente da deflação dos medicamentos que os hospitais adquirem no mercado para tratar de seus pacientes. É o que mostra o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), calculado mensalmente pela Fundação Instituto de Pesquisas (Fipe) com base em dados transacionais da Bionexo Healthtech.
A queda de setembro foi a quinta consecutiva, segundo a Fipe, e está embasada, em primeiro plano, pelo padrão sazonal. Normalmente, os preços dos medicamentos disparam em abril, quando a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão que autoriza o reajuste anual nos preços dos medicamentos no Brasil, dá o aval para o setor farmacêutico reajustar seus preços. Passado este período, os medicamentos costumam ficar mais baratos.
No entanto, ainda que secundariamente, um outro ator tem contribuído para a deflação dos medicamentos comprados pelos hospitais: o câmbio. Este ano a moeda norte-americana acumula queda de 10,95% ante o real, o que contribuiu para a deflação dos preços de um segmento muito intenso em importações. Esta desvalorização já esteve em 14%. Do fechamento de agosto para o de setembro o dólar caiu 1,82%.
O resultado de setembro, segundo a Fipe e a Bionexo, reflete uma acomodação dos custos no setor e desacelera a alta acumulada no ano para 1,05%, enquanto nos últimos 12 meses o índice aponta aumento discreto de 0,22%. O índice acompanha os preços de medicamentos efetivamente negociados entre hospitais e fornecedores, refletindo o comportamento real do mercado hospitalar brasileiro.
Segundo Rodrigo Romero, vice-presidente de Crescimento da Bionexo, o resultado reforça o papel do IPM-H como instrumento de transparência e previsibilidade para o setor. “O IPM-H mostra como o uso inteligente de dados pode tornar o mercado hospitalar mais eficiente e equilibrado. A estabilidade observada nos últimos meses indica uma maturidade maior nas relações de compra e um planejamento mais estratégico por parte dos hospitais, que passam a tomar decisões baseadas em informação real de mercado.”
Em setembro, mês em que os preços dos medicamentos hospitalares caíram, em média, 0,38%, a inflação oficial medida pelo IPCA apontou aumento de 0,48% e o IGP-M registrou alta de 0,42%. Ou seja, a variação negativa do IPM-H segue em direção oposta aos índices gerais, indicando alívio para o orçamento hospitalar, mesmo diante de um cenário de volatilidade cambial e ajustes setoriais.
De acordo com Bruno Oliva, economista e pesquisador da Fipe, “o resultado de setembro confirma a tendência de acomodação dos preços hospitalares observada nos últimos meses, dentro do comportamento sazonal esperado. A variação negativa de 0,38% ficou próxima da média histórica, mostrando uma queda um pouco menos intensa que a usual. Ainda assim, os diferentes movimentos entre grupos terapêuticos refletem fatores específicos de demanda e oferta, como a incorporação de novas tecnologias e terapias de alto custo”, disse.
Ao incorporar o resultado negativo de setembro, a alta acumulada pelo IPM-H desacelerou para 1,05% no ano. A manutenção do índice em terreno positivo no balanço parcial de 2025 reflete o peso combinado de grupos que apresentaram aumento nos preços no balanço parcial de 2025. Finalmente, também houve uma desaceleração nos preços dos medicamentos para hospitais nos últimos 12 meses, uma vez que o IPM-H passou a registrar um ligeiro incremento de 0,22%.
Por: Estadão Conteúdo