por que os casos aumentam no segundo semestre e como se proteger


Diante de sintomas como febre alta, dor de garganta e erupções na pele, especialmente entre o público de 5 a 15 anos de idade, pais e professores devem cogitar a possibilidade de ser escarlatina, um quadro que costuma se tornar mais predominante no segundo semestre do ano. De acordo com o pediatra Thales Araújo de Oliveira, gerente do pronto-socorro do Sabará Hospital Infantil, em São Paulo, isso se deve sobretudo às mudanças de temperatura.

Para ter ideia, entre julho e agosto deste ano, houve um aumento de quase 80% no número de atendimentos pela doença no Sabará (passou de 64, em julho, para 116, em agosto). A tendência foi parecida com a observada no ano passado: foram 65 atendimentos em julho e 136 em agosto de 2024.

“Isso é algo esperado. Nesta época do ano, a gente sempre vê a circulação da bactéria causadora da escarlatina aumentando na faixa etária de 5 a 15 anos”, reforça Araújo.

A tendência não acontece apenas em São Paulo. Ela também ocorre em outras regiões. “Tem a ver com as estações do ano e a sazonalidade. Como a temperatura fica mais baixa e as pessoas tendem a ficar mais em ambientes fechados, a transmissão é favorecida”, detalha o médico.

No Hospital Samaritano, também na capital paulista, de janeiro até setembro deste ano foram identificados 100 casos no pronto-socorro. No mesmo período de 2024, foram 120 ocorrências. Em comunicado, o hospital cita que observa uma estabilidade, além da sazonalidade já esperada.

A doença não é de notificação compulsória, mas a pediatra Ana Maria Melo, do Samaritano Higienópolis, destaca que é importante os casos serem comunicados. “Como ela ocorre em crianças maiores, em idade escolar, as escolas têm um papel muito importante na identificação dos casos e na comunicação. Ao perceberem essas situações, elas precisam notificar as secretarias de Saúde para permitir a identificação de possíveis surtos”, justifica.

O que é a escarlatina?

A escarlatina é uma doença infecciosa aguda, causada por uma bactéria chamada estreptococo beta-hemolítico do grupo A. Os estreptococos são também agentes causadores de infecções na garganta (amigdalites) e na pele (impetigo, erisipela).

Ela não surge pela ação direta da bactéria, mas pela reação alérgica do organismo às toxinas liberadas por ela. Por isso, uma mesma bactéria pode causar diferentes doenças em cada indivíduo que infecta.

A doença se espalha pelo contato entre pessoas, através de gotículas de saliva ou secreções contaminadas. A infecção pode vir tanto de quem está doente quanto de portadores assintomáticos, que abrigam a bactéria na garganta ou no nariz sem manifestar sinais da doença.

Ana cita que a escarlatina pode causar algumas complicações renais e cardíacas. “Pacientes com deficiência imunológica ou que estejam em tratamento imunossupressor podem evoluir para infecções mais graves”, detalha.

Como evitar a doença?

Segundo Araújo, a identificação precoce é a principal forma de evitar possíveis transmissões da doença. Por isso, é importante ficar atento aos sintomas do quadro.

Na maioria das vezes, as crianças apresentam febre alta associada a dores de garganta e mal-estar. “O que é muito típico da escarlatina é a língua em framboesa, como a gente fala. Ela fica muito avermelhada, com um aspecto diferente”, conta o médico do Sabará. Outra característica bastante comum é a presença de manchas vermelhas na pele. Essas erupções costumam ser ásperas e descamativas.

Quem tem a doença deve permanecer em casa para evitar passá-la adiante e também para se recuperar.

Para a prevenção, vale ainda focar na higienização das mãos. “Também é importante manter a etiqueta respiratória, já que a doença é transmitida por gotículas e secreções. Além disso, a ventilação dos ambientes faz diferença. Nesta época do ano, quando o clima esfria e os espaços ficam mais fechados, a circulação dessas bactérias aumenta”, ressalta Araújo.

Ana também orienta que as crianças evitem compartilhar utensílios, como garrafas, colheres e outros objetos.

Tratamento e diagnóstico

O diagnóstico da escarlatina é inicialmente clínico, baseado na presença de febre, inflamação na garganta e erupções na pele. No entanto, a confirmação deve ser feita em laboratório, por meio da detecção da bactéria em uma amostra colhida da garganta com swab, um cotonete específico usado para coletar secreções da região nasofaríngea.

Já o tratamento costuma envolver a indicação de um antibiótico, a amoxicilina, por 10 dias. Em geral, a criança deixa de transmitir a bactéria a partir de 24 horas de uso do antibiótico. Vale destacar que o tratamento deve ser indicado e acompanhado por um profissional de saúde.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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