Polícia de SP busca respostas em laudos para saber como empresário morreu em Interlagos


A Polícia Civil paulista espera a chegada de laudos periciais para tentar elucidar o caso do empresário Adalberto Amarilio dos Santos Junior, encontrado morto em um buraco de obra no Autódromo de Interlagos, na zona sul da cidade de São Paulo.

A expectativa é de que os primeiros relatórios definitivos, como o laudo toxicológico, sejam juntados à investigação nesta segunda-feira, 16.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP) informou que os laudos médicos e técnicos seguem em elaboração pelo Instituto Médico Legal (ML) e pelo Instituto de Criminalística (IC), e serão analisados para esclarecer todas as circunstâncias do caso. A investigação está concentrada no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

As principais questões ainda não respondidas são estas:

Quem jogou o corpo no buraco?

Passados 17 dias do desaparecimento do empresário, as circunstâncias de sua morte ainda não foram esclarecidas. A polícia tem certeza de que Adalberto não caiu sozinho no buraco. A abertura tem 45 centímetros de largura por 3 metros de profundidade e seu corpo foi encontrado em pé. Porém, ele estava sem as calças e o par de calçados que vestia quando foi visto pela última vez. Como as vestes não estavam no local, isso indicaria que ele foi parcialmente despido antes de ser jogado na vala.

Como a vítima foi parar no local?

Antes de desaparecer, o empresário tinha participado de um evento de motos no autódromo. Era uma festa com consumo de bebidas alcoólicas. Conforme os depoimentos de testemunhas, Adalberto teria se despedido de amigos e dito que iria até o estacionamento pegar seu carro. Ele teria desaparecido no trajeto, pois o carro foi encontrado no mesmo lugar.

A polícia reconstituiu aqueles que teriam sido os últimos passos do empresário e usou técnicas sofisticadas para montar o cenário do possível crime, elaborando desenhos e croquis. O objetivo é entender a dinâmica dos acontecimentos que resultaram na morte de Adalberto.

Como foram os últimos momentos do empresário?

O que a investigação já apurou é que Adalberto chegou ao Autódromo de Interlagos por volta das 14h30, deixou o carro no estacionamento e acompanhou as corridas (test rides) de motos até as 17h. Por volta das 19h40, ele assistiu a um show, interagiu com amigos e desconhecidos e, em torno das 21h15, se despediu dizendo que iria para casa, pois jantaria com a esposa.

De acordo com a investigação, ao se dirigir até o estacionamento onde estava seu carro, Adalberto teria cortado caminho por uma área restrita. A hipótese é de que ele teria sido abordado por seguranças por conta da invasão e surgido um desentendimento.

De quem é o sangue encontrado no carro do empresário?

Como foram achadas marcas de sangue no carro, há possibilidade de que ele tenha lutado com um ou mais agressores ao entrar no carro. Não havia câmeras de segurança no local. A perícia deve indicar se é sangue humano e há quanto tempo está no veículo – as marcas também podem ser antigas.

Qual a causa da morte e o motivo do crime?

A família diz que Adalberto não tinha inimigos. Como seus pertences de maior valor – o carro, o celular e a carteira – não foram levados, foi afastada, inicialmente, a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte).

O corpo da vítima, encontrado três dias depois, não tinha marcas evidentes de violência. O exame inicial apontou compressão torácica, o que pode ter sido causado pelo aperto do tórax da vítima contra as paredes do buraco.

O que os laudos podem esclarecer?

A expectativa é que os laudos ajudem a montar o quebra-cabeça do caso. Além da causa da morte, os relatórios podem indicar se o empresário estava bêbado, sem condições de reação, ou se reagiu a uma possível agressão.

Laudo necroscópico

O laudo necroscópico ou de necropsia, exame realizado no cadáver, pode determinar a causa e o modo como se deu a morte, além de investigar possíveis traumas e marcas no corpo que possam ter contribuído para o óbito. No caso, constou de uma inspeção externa e interna e analisando órgãos, como coração, pulmão e fígado, e tecidos. Foram colhidas amostras para análises complementares.

Laudo toxicológico

O laudo toxicológico, emitido a partir de análises de amostras de cabelos ou tecidos, detecta a presença de substâncias psicoativas no organismo, como álcool e drogas, para identificar o uso ou não dessas substâncias em um determinado período. Uma testemunha disse que o empresário teria consumido álcool e maconha durante a festa.

Exame de DNA

Por se tratar de uma análise que determina o material genético exclusivo da pessoa, o exame é importante para determinar a quem pertence o material encontrado na cena de um possível crime. No caso, a análise se concentra nas manchas de sangue achadas no carro de Adalberto.

Fragmentos sob as unhas

A análise de fragmentos sob as unhas, conhecida como exame subungueal, permite investigar se houve confronto físico ou reação de defesa da vítima (arranhões) a um possível agressor. Ela pode revelar a presença de material biológico e ajudar a identificar o suposto agressor. A polícia apura a hipótese de um suposto desentendimento de Adalberto com seguranças da festa, ou com pessoas que estavam no local.

Quais são as suspeitas?

Além da esposa de Adalberto, com quem ele fez contato por mensagem antes de desaparecer dizendo que iria para casa, a investigação já ouviu depoimentos de amigos que estavam na festa, coordenadores do evento e ao menos cinco seguranças. Um amigo, Rafael Aliste, que teria dito que o empresário consumiu cerveja e maconha, foi ouvido duas vezes – o segundo depoimento, no último dia 12, durou cerca de 5 horas.

O corpo foi encontrado na manhã do dia 3 por um trabalhador do cartório. Ele viu o capacete de Adalberto no interior do buraco e, ao examinar, visualizou o corpo de acionou a polícia. Os bombeiros usaram técnicas de rapel e escalada para içar o corpo para fora da fenda.

Dono de óticas na Grande São Paulo, Adalberto tinha o hobby de viajar de moto e também exibia fotos pilotando kart, modalidade pela qual dizia ter sido campeão paulista três vezes.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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