A restauração de uma obra sacra que ocupa o altar principal de uma igreja na cidade de Bambuí, no Centro-Oeste de Minas Gerais, terminou em uma briga transmitida ao vivo entre o padre e o locutor de uma rádio.
Tudo começou após o comunicador Jésus de Carvalho Chaves, de 83 anos, criticar algumas decisões do padre Edson Augusto Teixeira, de 55, ao vivo durante o seu programa na rádio Canastra FM. O radialista, apresentador do programa Domingão do Jesão, fez comentários sobre a restauração de uma pintura da Santa Ceia que decora o altar principal da Igreja Matriz Sant’Ana, principal da cidade.
A obra foi feita em 1974 pelo artista local Jésus Chaves Martins. Já a restauração foi realizada em 2022 e, segundo o radialista, descaracterizou o trabalho original. O padre não gostou dos comentários e resolveu tirar satisfação ao vivo.
Todo o desentendimento foi registrado e transmitido ao vivo para os ouvintes durante o programa no último domingo, 19. De acordo com Jésus, o padre Edson entrou no estúdio da rádio durante a transmissão, sem autorização, após ele criticar a restauração da pintura, além de falar sobre outras decisões da igreja e assuntos ligados à administração paroquial.
“O padre está chegando aqui e vou dar o direito de resposta para ele”, diz Jésus, em trecho divulgado pela TV Integração, afiliada local da Globo. Em seguida, é possível ouvir o padre: “Assim fala o velho mentiroso que nunca ajudou na igreja!” Quando o radialista pede para o sacerdote se sentar, o que se segue são barulhos de objetos caindo no chão e xingamento. “Você veio me agredir aqui? Veio me agredir aqui no meu serviço, arrebentou meu relógio”, afirma o comunicador.
O que dizem os envolvidos
Em nota assinada pelo bispo Dom José Aristeu Vieira, a Diocese de Luz, de Minas Gerais, informa que “acompanhará a apuração com a seriedade que o caso exige”. De acordo com a entidade, “até o momento, não há qualquer posicionamento conclusivo, uma vez que os acontecimentos ainda estão sendo verificados”.
Já a rádio Canastra demonstrou indignação com o ocorrido, e afirmou em nota que o padre, “ao invés de buscar os meios certos como direito de resposta ou até mesmo a Justiça, invadiu a emissora e o agrediu com palavras de baixo calão e até mesmo [de forma] física, em uma atitude descontrolada”. A direção ressalta que o espaço da emissora está aberto para o direito de resposta de qualquer um que não estiver satisfeito.
O Estadão entrou em contato com a Polícia Civil de Minas Gerais e aguarda retorno. O espaço segue aberto.
Por: Estadão Conteúdo