PF investiga metanol em bebida; governo vê risco de adulterações em outros Estados


A Polícia Federal abriu inquérito para investigar a contaminação de bebidas alcoólicas com metanol. Até agora, três mortes decorrentes de intoxicação foram registradas no Estado de São Paulo.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que pediu a abertura do inquérito após indícios de que haja distribuição de bebidas contaminadas para outros Estados do País.

“No momento, (as ocorrências) estão concentradas em São Paulo, mas tudo indica que há distribuição para além do Estado de São Paulo e, portanto, por ser ocorrência que transcende o limite de um Estado atrai a competência da Polícia Federal”, disse o ministro.

Até o momento, não há casos suspeitos de intoxicação em outros Estados. Mas devido ao histórico de aquisição de metanol para consumo em postos de outros Estados e, segundo o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, diante do “perigo iminente”, a pasta resolveu pedir a abertura do inquérito.

“É uma investigação que pretendemos estar próximos dos Estados e esclarecermos o mais rapidamente possível, na medida em que se trata de crime muito grave, em que se mexe demais com a saúde das pessoas, portanto a resposta tem de ser rápida”, disse Sarrubbo.

O diretor da Polícia Federal de Investigação e Combate ao Crime Organizado e à Corrupção, Dennis Cali, explicou que ainda não é possível estabelecer vínculo direto com Operação Tank, que investigou lavagem de dinheiro do crime organizado por meio de rede de postos de combustíveis e elo com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

“A gente teve no passado recente a Operação Tank, onde foi detectada importação de metanol. Nesse primeiro momento, a gente não tem link direto e não podemos afirmar nenhum vínculo com a operação que foi desencadeada recentemente, mas em razão dessa requisição do ministro foi instaurado inquérito para tentar elucidar toda essa cadeia”, explicou o diretor.

Segundo Cali, no momento, a investigação não foca em uma marca específica.

O Ministério da Saúde informa que os casos suspeitos de intoxicação estão distribuídos da seguinte forma:

– São Paulo: seis casos confirmados; cinco em investigação; um descartado;

– São Bernardo do Campo: dois casos em investigação;

– Limeira: um caso em investigação;

– Itapecerica: um caso em investigação;

– Cidade não informada: um caso em investigação.

Atualmente, quatro bares estão no foco das autoridades federais. O governo não informou quais são os estabelecimentos. O Estadão apurou que um deles é o da Alameda Lorena, nos Jardins.

Secretário Nacional do Consumidor, Paulo Pereira afirmou que as autoridades tentam apurar qual foi a circunstância da adulteração da bebida.

As autoridades buscam identificar fornecedores das bebidas e pessoas que tenham manipulado os produtos. “Os estabelecimentos podem ser vítimas da situação, podem ter recebido bebidas adulteradas sem saber”, disse.

Também apuram se as bebidas já estavam adulteradas ou se, eventualmente, alguma adulteração pode ter acontecido durante a confecção dos drinks.

Pereira afirma que, nesse momento, os consumidores devem estar atentos a alguns pontos pra reduzir os riscos, como preços muito baratos. “Existem sinais que não vão ser suficientes, mas podem identificar situação atípica: o preço, a situação visual do rótulo, do lacre, da garrafa. E as condições de um fornecedor atípico, diferente, que chame atenção em relação ao que era o hábito de consumo”, explicou.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que os caos registrados em agosto e setembro já representam quase a totalidade do que é notificado em média ao longo de um ano, quando são observados cerca de 20 casos.

“Normalmente, os casos estavam associados a pessoa em situação de rua, ou pessoas que em ação de autoagressão, tentativa de suicídios, (usavam o metanol). Estamos observando uma situação absolutamente diferente”, disse Padilha.

O Ministério da Saúde vai reforçar por meio de uma nota técnica específica como os profissionais de saúde devem proceder para lidar com os casos.

O documento vai orientar quais os sinais para suspeitar de intoxicação por metanol, perguntas sobre ingestão recente de bebida alcoólica, como os profissionais devem agir clinicamente e administrar o antídoto.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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