Papa Leão XIV dá início à festa de São Pedro e Paulo e lança campanha de doações para a Igreja


Neste domingo, 29, o Papa Leão XIV lançou a nova campanha do Vaticano para angariar doações dos fiéis, buscando socorrer a Santa Fé em seu déficit calculado entre 50 e 60 milhões de euros (algo entre R$ 320 e R$ 350 milhões). Isso aconteceu na abertura da festa de São Pedro e Paulo, tradicionalmente usada pela Igreja Católica para esse fim.

Leão XIV celebrou missa na Basílica de São Pedro e, durante a prece de Angelus, agradeceu aos doadores que contribuíram, dizendo que o apoio financeiro deles era um “sinal de união” com seu jovem pontificado. Também refletiu sobre a unidade cristã, a conversão e o testemunho do martírio de Cristo, que une a Igreja em uma “comunhão profunda”.

Nas igrejas de todo o mundo, as missas do dia 29 de junho costumam incluir uma coleta especial para o Pence de Pedro, um fundo que sustenta as operações do governo central da Igreja Católica, o Vaticano, e paga os atos pessoais de caridade do papa.

Com um vídeo promocional, um pôster, QR Code e um site solicitando doações via cartão de crédito, PayPal, transferência bancária ou envio por correio, o Vaticano está apostando este ano em uma campanha de arrecadação de fundos mais moderna e próxima do estilo americano.

O vídeo apresenta imagens dos primeiros momentos de Leão XIV como papa, como quando ele entrou na loggia da Basílica de São Pedro logo após ser eleito e recebeu o anel de pescador do papado. Com uma trilha sonora evocativa ao fundo, o vídeo sobrepõe uma mensagem, disponível em vários idiomas, pedindo doações.

“Com sua doação ao Pence de Pedro, você apoia os passos do Santo Padre”, diz a mensagem. “Ajude-o a proclamar o evangelho ao mundo e a estender a mão aos nossos irmãos e irmãs necessitados. Apoie os passos do Papa Leão XIV. Faça uma doação.”

O Vaticano acredita que, sob o comando de Leão XIV, nascido em Chicago, nos Estados Unidos, a renovação da campanha deve ajudar a manter a burocracia da Santa Sé em funcionamento e eliminar seu déficit estrutural.

Durante anos, os Estados Unidos têm sido a maior fonte de doações para o Pence de Pedro, com os católicos americanos contribuindo com cerca de um quarto do total de cada ano.

No final de sua bênção, ao meio-dia deste domingo, horário de Roma, o papa afirmou que o fundo Pence de Pedro é “um sinal de comunhão com o papa e participação em seu Ministério Apostólico”. “De coração, agradeço àqueles que, com suas doações, estão apoiando meus primeiros passos como sucessor de São Pedro”, disse ele.

Segundo o papa, “a unidade invisível, porém profunda, entre as igrejas cristãs que ainda não estão em comunhão plena e visível” está no centro de sua missão episcopal. “A Igreja de Roma está comprometida pelo sangue derramado pelos santos Pedro e Paulo, a servir com amor a comunhão de todas as igrejas”.

Escândalos financeiros

O fundo de Pence de Pedro tem sido fonte de escândalo nos últimos anos, em meio a revelações de que a Secretaria de Estado do Vaticano administrou mal suas participações por meio de investimentos ruins, gestão incompetente e desperdício.

O recente julgamento sobre o investimento mal feito do Vaticano em uma propriedade em Londres confirmou que a grande maioria das contribuições do Pence de Pedro financiou os déficits orçamentários da Santa Sé, e não as iniciativas de caridade papal, como muitos paroquianos foram levados a acreditar.

Em meio às revelações e aos impactos da pandemia da covid-19, que fechou igrejas e cancelou a tradicional coleta de cestas básicas em 29 de junho, as doações do Pence de Pedro caíram para 43,5 milhões de euros em 2022 – uma baixa não vista desde 1986. No entanto, foi compensada no mesmo ano por outras receitas de investimento.

As doações aumentaram para 48,4 milhões de euros em 2023 e atingiram 54,3 milhões de euros no ano passado, de acordo com o relatório anual do Pence de Pedro publicado na semana passada. Mas o fundo incorreu em despesas de 75,4 milhões de euros em 2024, dando continuidade à tendência de esgotamento.

Além do déficit orçamentário, o Vaticano também está enfrentando um déficit de um bilhão de euros em seu fundo de pensão. O Papa Francisco, nos meses anteriores à sua morte, advertiu que o fundo seria incapaz de cumprir suas obrigações a médio prazo.

Diferentemente de outros países, a Santa Sé não emite títulos nem cobra imposto de renda de seus residentes para realizar suas operações, dependendo, em vez disso, de doações, investimentos e receita gerada pelos Museus do Vaticano e vendas de selos, moedas, publicações, entre outras iniciativas.

As autoridades do Vaticano esperam que, sob o pontificado de Leão XIV, com novos controles financeiros em vigor e um matemático americano dirigindo a Santa Sé, os doadores acreditem que seu dinheiro não será mal gasto ou mal administrado.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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