Outros 4 servidores de Praia Grande são alvos de mandados no caso Ruy Fontes

5 Min de leitura


Por Redação O Estado de S. Paulo – 03/10/2025 16:09

Além do subsecretário de Gestão e Tecnologia de Praia Grande, Sandro Rogério Pardini, outros quatro funcionários públicos da cidade no litoral de São Paulo foram alvos de mandados de busca e apreensão após a morte do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes.

Conforme apurado pelo Estadão, eles não estão na condição de suspeitos, mas os materiais coletados com eles podem ajudar na resolução do assassinato. Os mandados foram cumpridos na última semana.

Em nota, a defesa do subsecretário afirma que Pardini “nega veementemente toda e qualquer participação, seja ela direta ou indireta, nos fatos que estão sendo apurados”. Acrescenta ainda que ele está à disposição das autoridades para colaborar (mais abaixo).

Como mostrou o Estadão, a Polícia Civil de São Paulo cumpriu recentemente mandados de busca e apreensão em ao menos oito endereços da Baixada Santista.

Com Pardini, foram apreendidos celular, computadores, três pistolas, R$ 50 mil em espécie, mil euros e 10 mil dólares em sua residência.

Em um maço de cédulas, havia bilhetes com anotações contendo nomes de um homem e uma mulher. Os dólares estavam no envelope de uma corretora de câmbio. Foram apreendidos também cartões bancários, três registros de armas de fogo e um registro de CAC (Colecionador, Atirador, Caçador).

A gestão de Praia Grande afirma não ter recebido “qualquer comunicação oficial” sobre as buscas e apreensões no apartamento do gestor, mas afirma seguir à disposição das autoridades.

A operação foi coordenada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga o caso, e contou com apoio da Polícia Civil de Santos e Praia Grande. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços nos municípios de Santos, Praia Grande e São Vicente.

A defesa do subsecretário diz analisar os elementos que foram colhidos até o momento, sobretudo aqueles que culminaram na busca e apreensão contra Pardini.

“Destacamos que os objetos e bens apreendidos não possuem qualquer relação com os fatos, o que foi comprovado pela documentação juntada e confirmado nos esclarecimentos prestados por Sandro, frisa-se, ouvido na qualidade de testemunha. No mais, reforçamos que Sandro tem uma vida completamente voltada ao trabalho lícito e cuidado com a sua família”, diz nota assinada pelo advogado Octavio Rolim.

Relembre o caso

Ferraz Fontes foi fuzilado após encerrar o expediente na Prefeitura de Praia Grande, onde era secretário de Administração. Ele foi alvo de tiros e teve seu veículo prensado por um ônibus em seguida. Os bandidos desembarcaram do carro portando fuzis e efetuaram diversos disparos contra o ex-delegado-geral.

As investigações apontam que o crime foi minuciosamente planejado e executado de forma ostensiva, em rua movimentada, com emprego de armas potentes.

Como delegado, Ferraz Fontes ficou conhecido por seu trabalho contra o Primeiro Comando da Capital (PCC). O Secretário da Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite, diz que “não há dúvidas” do envolvimento da facção no crime.

Não foi descartada, ainda assim, uma possível relação do crime com a atividade exercida pelo secretário na administração de Praia Grande. Conforme o prefeito Alberto Mourão (MDB), Ferraz trabalhava em projetos para reduzir gastos da prefeitura, como a substituição da frota convencional por veículos elétricos.

O secretário assassinado cuidava do quadro de pessoal, aprovava os planos de carreira, mas também tinha autonomia para adotar ferramentas que conferissem maior transparência à gestão.

O DHPP já identificou oito suspeitos de envolvimento no crime. Quatro estão presos, entre eles um possível executor. Outro suspeito de ser atirador foi morto em confronto com a polícia no Paraná. A investigação trabalha para esclarecer a motivação e prender eventuais mandantes.



Por: Estadão Conteúdo

Compartilhar