Netanyahu diz que restos mortais devolvidos pelo Hamas são de um refém recuperado anteriormente


Por Redação O Estado de S. Paulo – 28/10/2025 14:04

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta terça-feira, 28, que partes de corpos devolvidas pelo grupo terrorista Hamas durante a noite anterior eram restos mortais parciais de um refém recuperado anteriormente em Gaza por tropas israelenses há quase dois anos – num anúncio que ameaçava abalar o tênue acordo mediado pelos Estados Unidos.

Netanyahu chamou o retorno de uma “clara violação” do acordo de cessar-fogo, que exige que o Hamas devolva todos os restos mortais de reféns israelenses o mais rápido possível.

Enquanto Netanyahu ponderava uma possível resposta, a mídia israelense disse que as opções poderiam incluir interromper a entrada de ajuda humanitária em Gaza, expandir o controle israelense sobre Gaza ou realizar ataques aéreos contra líderes do grupo terrorista Hamas.

Em um sinal da fragilidade do cessar-fogo, tropas israelenses foram alvejadas na cidade de Rafah, no sul, nesta terça-feira e revidaram, de acordo com um oficial militar israelense que falou sob condição de anonimato porque ainda não houve um anúncio oficial.

Ainda há 13 corpos de reféns em Gaza. O grupo terrorista Hamas informou nesta terça-feira que recuperou o corpo de um refém e planeja entregá-lo na noite desta terça.

Um cinegrafista da Associated Press em Khan Younis testemunhou o que parecia ser um saco branco para cadáveres sendo carregado de um túnel por vários homens, incluindo alguns militantes mascarados, e depois transportado para uma ambulância. Não ficou totalmente claro o que havia no saco.

O lento retorno dos corpos dos reféns representa um desafio para a implementação das próximas etapas do cessar-fogo, que abordarão questões ainda mais complicadas, como o desarmamento do grupo terrorista Hamas, a implantação de uma força de segurança internacional em Gaza e a decisão de quem governará o território.

O Hamas afirmou estar com dificuldades para localizar os corpos em meio à vasta destruição em Gaza, enquanto Israel acusou o grupo militante de atrasar propositalmente o retorno dos reféns. No fim de semana, o Egito enviou uma equipe de especialistas e equipamentos pesados para ajudar nas buscas pelos corpos dos reféns restantes. O trabalho continuou nesta terça-feira em Khan Younis e Nuseirat.

Esta é a segunda vez desde o início do cessar-fogo em 10 de outubro que os restos mortais entregues pelo Hamas são problemáticos. Israel afirmou que um dos corpos liberados pelo Hamas na primeira semana do cessar-fogo pertencia a um palestino não identificado.

Durante um cessar-fogo anterior, em fevereiro de 2025, o grupo terrorista afirmou ter entregue os corpos de três reféns, Shiri Bibas e seus dois filhos, mas testes mostraram que um dos corpos devolvidos foi identificado como sendo de uma mulher palestina. O corpo de Shiri Bibas foi devolvido um dia depois.

Uma família aflita

Os restos mortais devolvidos durante a noite foram identificados como pertencentes a Ofir Tzarfati, disse o gabinete de Netanyahu.

Tzarfati foi sequestrado no festival de música Nova no ataque liderado pelo grupo terrorista a Israel em 7 de outubro de 2023, que deu início à guerra. Quase 400 pessoas foram mortas somente no festival e dezenas foram sequestradas. No total, os militantes mataram cerca de 1,2 mil pessoas, a maioria civis, e fizeram 251 reféns naquele dia.

Tzarfati foi morto em cativeiro e seu corpo foi recuperado por tropas israelenses em novembro de 2023. Em março de 2024, sua família recebeu restos mortais adicionais para sepultamento.

A família de Tzarfati disse em um comunicado que esta é a terceira vez que “somos forçados a abrir o túmulo de Ofir e enterrar novamente nosso filho”.

“Desde então, vivemos com uma ferida que se reabre constantemente, entre a memória e a saudade, entre o luto e a missão”, acrescentou, descrevendo a devolução de partes do corpo como uma “manipulação abominável”.

Ataque na Cisjordânia

Mais cedo ainda nesta terça-feira, autoridades israelenses disseram que mataram três militantes palestinos durante uma operação na parte norte da Cisjordânia ocupada, a mais recente ação na intensificação da atividade militar de Israel no território desde o ataque do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro de 2023.

A polícia israelense informou que os três homens foram baleados ao saírem de uma caverna perto de Jenin, cidade no norte da Cisjordânia conhecida como reduto de militantes. O exército israelense afirmou em um comunicado que os militantes “participaram de atividades terroristas em Jenin”, mas não deu mais detalhes.

Dois militantes foram baleados e mortos. O terceiro, que ficou ferido, foi morto logo depois, segundo o exército israelense.

Um comunicado anterior afirmou que o exército israelense realizou um ataque aéreo logo depois para destruir a caverna. O exército confirmou um ataque aéreo na área, mas não deu mais detalhes.

O Hamas condenou o ataque em Jenin e posteriormente identificou dois dos três homens como militantes das Brigadas Qassam do Hamas. O terceiro homem foi chamado de “camarada”, mas não foram fornecidos detalhes adicionais sobre ele.

Israel afirma que suas operações reprimiram militantes na Cisjordânia. Mas palestinos e grupos de direitos humanos afirmam, por sua vez, que dezenas de civis não envolvidos também estão entre os mortos, enquanto dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas de suas casas.

Palestinos enterrados em Gaza

Em troca dos reféns mortos devolvidos, Israel já devolveu a Gaza 195 corpos de palestinos, dos quais menos da metade foram identificados.

Na segunda-feira, 27, 41 corpos não identificados foram enterrados na cidade de Deir al-Balah, em Gaza, e um funeral foi realizado em Israel para o refém morto Yossi Sharabi, cujos restos mortais foram devolvidos no início deste mês.

Os últimos 20 reféns vivos foram devolvidos a Israel quando o cessar-fogo começou e, em troca, Israel libertou cerca de 2 mil prisioneiros palestinos.

A maioria dos libertados foi capturada em Gaza por tropas israelenses durante a guerra de dois anos e permanece detida sem acusação. Entre os libertados, também estão 250 palestinos condenados à prisão, a maioria deles por ataques mortais contra israelenses ocorridos há décadas, segundo o Ministério da Justiça de Israel. (Fonte: Associated Press)



Por: Estadão Conteúdo

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