Nestlé investe em restauração florestal para gerar até 1,5 milhão de créditos de carbono


A Nestlé, em parceria com a greentech re.green e a gigante do cacau Barry Callebaut, realizará dois projetos de restauração ecológica nos Estados da Bahia e do Pará, com foco estratégico em áreas produtoras de café e cacau, duas das principais matérias-primas da companhia no País. As iniciativas, que preveem o plantio e a manutenção de 11 milhões de árvores em cerca de 8 mil hectares, combinam florestas nativas e sistemas agroflorestais. A expectativa é de que os projetos removam aproximadamente 1,5 milhão de toneladas de carbono equivalente da atmosfera nos próximos 30 anos, com potencial de geração de créditos certificados.

Os aportes fazem parte da meta global da Nestlé de plantar 200 milhões de árvores até 2030, em linha com a ambição de reduzir pela metade suas emissões líquidas até 2030 e atingir a neutralidade de carbono até 2050. Os valores dos investimentos não foram revelados, mas a empresa informou que, no caso da parceria com a re.green, o aporte será feito exclusivamente pela Nestlé. Já no projeto com a Barry Callebaut, os recursos serão divididos na proporção de 60% pela Nestlé e 40% pela Barry Callebaut.

O Brasil foi escolhido como plataforma-chave de reflorestamento por ser estratégico nas cadeias de fornecimento da multinacional, especialmente em café, cacau e leite, ingredientes que representam mais de 70% da pegada de carbono da companhia. Além da mitigação climática, o projeto também visa reduzir a dependência brasileira da importação de cacau, que hoje representa entre 20% e 30% do consumo nacional.

“São dois projetos complementares. Tanto a floresta nativa quanto a agrofloresta cumprirão papéis importantes, dando escala aos benefícios ambientais, mas também aos sociais, porque vão gerar oportunidades econômicas, principalmente para as comunidades locais”, afirmou, ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a diretora de Business Transformation e ESG da Nestlé Brasil, Barbara Sapunar.

O projeto com a re.green, no sul da Bahia, prevê o plantio de 3,3 milhões de árvores nativas da Mata Atlântica em mais de 2 mil hectares. A proposta segue o modelo de restauração ecológica, voltado à recuperação de biodiversidade e de sistemas hídricos. A estimativa é de que o projeto possa gerar até 880 mil créditos de carbono certificados ao longo de 30 anos.

A re.green ficará responsável pela restauração em áreas nativas e pelo monitoramento das florestas por até 50 anos, com o uso de drones, sensores acústicos e auditorias regulares. Segundo a empresa, a operação na Bahia deve criar cerca de 160 empregos diretos, além de movimentar a cadeia de coletores de sementes e serviços ambientais.

Já o projeto com a Barry Callebaut terá foco em sistemas agroflorestais com cacau e no reflorestamento de APPs e Reservas Legais em 6 mil hectares nos Estados da Bahia e Pará. Serão cultivadas 7,7 milhões de mudas, com potencial de remoção de 600 mil toneladas de CO2 equivalente em 25 anos.

A iniciativa busca transformar áreas subutilizadas ou degradadas, como pastagens, em sistemas produtivos sustentáveis, promovendo a expansão da cacauicultura brasileira. O plano prevê a criação de 27 empregos diretos e o engajamento de mais de mil produtores, com incentivos financeiros por serviços ambientais e acesso a assistência técnica e insumos. O projeto prevê duas formas de remuneração aos produtores: pagamentos anuais com base na captura de carbono e um modelo de “cashback por muda bem-sucedida”, vinculado à taxa de sobrevivência das plantas.

Os dois projetos se somam a outras ações da Nestlé no Brasil, que já resultaram no plantio de mais 7,5 milhões de árvores em anos anteriores. O foco permanece em áreas prioritárias para a empresa, sempre vinculadas às cadeias de café, cacau e leite, que concentram dois terços das emissões globais da companhia.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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