maioria das vítimas mortas em descarrilamento em Lisboa era estrangeira

7 Min de leitura


Por Redação, O Estado de S. Paulo – 05/09/2025 10:29

A polícia de Portugal informou nesta sexta-feira, 5, que 11 das 16 pessoas mortas no descarrilamento do Elevador da Glória em Lisboa eram estrangeiras. O relatório inicial sobre as causas do acidente ainda deve ser divulgado ainda nesta sexta.

Entre as vítimas estavam cinco portugueses, três britânicos, dois canadenses, dois sul-coreanos, um americano, um francês, um suíço e um ucraniano, segundo comunicado da polícia. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil confirmou nesta quinta-feira (4) que três brasileiros ficaram feridos no acidente. Segundo o Itamaraty, dois deles já tiveram alta hospitalar e uma mulher continua internada.

Um alemão chegou a ser incluído entre os mortos, mas foi encontrado em um hospital de Lisboa, de acordo com a polícia. Nenhuma explicação foi dada para o equívoco. A lista de nacionalidades foi divulgada após a identificação forense.

O popular Elevador da Glória, classificado como Monumento Nacional, estava lotado de moradores locais e turistas internacionais no início da noite de quarta-feira, 3, quando saiu dos trilhos. Ao todo, 16 pessoas morreram e outras 21 ficaram feridas.

Diversos órgãos investigam o caso, classificado pelo primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, como “uma das maiores tragédias do nosso passado recente”.

O Gabinete de Investigação de Acidentes Aéreos e Ferroviários informou ter concluído a análise dos destroços e que divulgará um relatório técnico preliminar ainda nesta sexta-feira. Não está claro, porém, o quanto esse documento revelará.

O investigador-chefe da polícia, Nelson Oliveira, afirmou que um relatório preliminar da corporação, com escopo mais amplo, deve ser apresentado dentro de 45 dias. Os destroços do bonde foram removidos do local durante a noite desta quinta-feira, 4, e estão sob custódia da polícia.

Tragédia além das fronteiras

Uma mulher com cidadania franco-canadense está entre os mortos, informou o Ministério das Relações Exteriores da França nesta sexta-feira.

O Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (Sitra) comunicou que o guarda-freio do bonde, André Marques, também está entre as vítimas que pereceram. Já a Santa Casa da Misericórdia, tradicional instituição beneficente portuguesa cuja sede principal em Lisboa fica no topo da colina por onde passa o bonde, informou que quatro de seus funcionários morreram.

Espanhóis, israelenses, portugueses, brasileiros, italianos e franceses estão entre os feridos, segundo o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde de Portugal, Álvaro Santos.

“Esta tragédia (…) ultrapassa nossas fronteiras”, declarou o primeiro-ministro em discurso televisionado a partir de sua residência oficial. Lisboa recebeu cerca de 8,5 milhões de turistas no ano passado, e longas filas costumam se formar para a curta viagem de bonde que percorre algumas centenas de metros subindo e descendo uma rua da cidade. Foi decretado dia de luto nacional nesta quinta-feira.

Ainda na noite desta quinta-feira, centenas de pessoas participaram de uma missa solene na majestosa Igreja de São Domingos, em Lisboa. O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, o prefeito da capital, Carlos Moedas, e Montenegro estavam entre os presentes – muitos vestidos de preto – no santuário iluminado por velas.

Inspeções diárias

O Elevador da Glória – também conhecido como Ascensor da Glória ou funicular – é preso por cabos de aço e pode transportar mais de 40 pessoas. As autoridades se recusaram a comentar se uma falha no freio ou a ruptura de um cabo teria provocado a colisão do veículo contra um prédio no momento da descida, em uma curva de uma rua íngreme do centro de Lisboa.

“A cidade precisa de respostas”, afirmou o prefeito, acrescentando que as especulações sobre as possíveis causas ainda são “meras suposições”.

Além das investigações conduzidas pela polícia, pelo Ministério Público e por especialistas em transporte do governo federal, a empresa responsável pelos bondes e ônibus de Lisboa, a Carris, informou que também abriu uma apuração interna.

Em operação desde 1914, o bonde passou por um programa completo de manutenção no ano passado. Segundo o CEO da Carris, Pedro de Brito Bogas, a companhia realizava diariamente uma inspeção visual de 30 minutos.

Ele acrescentou que a última verificação ocorreu cerca de nove horas antes do descarrilamento. No entanto, não detalhou em que consistia a inspeção nem respondeu se todos os cabos haviam sido testados.

A Câmara Municipal de Lisboa suspendeu as operações de outros três bondes funiculares até a conclusão de inspeções imediatas.

Turistas estão abalados

A turista britânica Felicity Ferriter, de 70 anos, disse que estava desfazendo a mala em um hotel próximo quando ouviu “um barulho horrível”. Ela tinha visto o bonde quando chegou e pretendia andar nele no dia seguinte.

“Seria um dos pontos altos das nossas férias”, disse ela, acrescentando que “poderia ter sido a gente”.

Já a turista italiana Francesca di Bello, de 23 anos, que está em férias com a família, tinha estado no Elevador da Glória poucas horas antes do descarrilamento.

Eles passaram pelo local do acidente nesta quinta-feira, expressando choque com os destroços. Questionada se voltaria a andar de funicular em Portugal ou em outro lugar, Di Bello foi enfática: “Definitivamente não.” (Com informações da Associated Press)

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.



Por: Estadão Conteúdo

Compartilhar