Por Redação, O Estado de S. Paulo* – 01/09/2025 17:00
A Coreia do Norte informou nesta segunda-feira, 1º, que o líder Kim Jong-un inspecionou uma nova fábrica de armas, considerada fundamental para seu plano de acelerar a produção em massa de mísseis, em uma visita realizada no fim de semana antes de sua viagem para um grande desfile militar na China.
A agência oficial de notícias norte-coreana, Korean Central News Agency (KCNA), não revelou a localização da fábrica visitada por Kim neste domingo, 31, mas ela pode estar na província de Jagang, polo da indústria bélica do país que faz fronteira com a China.
China e Coreia do Norte confirmaram na semana passada que Kim fará sua primeira visita ao território chinês em seis anos para participar de um desfile militar em Pequim nesta quarta-feira, 3. O evento marca o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial e da resistência chinesa contra a agressão japonesa.
Demonstração de alinhamento
Entre os 26 líderes estrangeiros convidados pelo presidente Xi Jinping está Vladimir Putin, da Rússia, que recebeu de Kim apoio militar significativo na invasão da Ucrânia. A presença de ambos em Pequim transforma o evento em uma demonstração de alinhamento tripartido contra os esforços dos Estados Unidos de reforçar a cooperação em segurança com Coreia do Sul e Japão.
A imprensa sul-coreana especulou que Kim poderia viajar à China de trem nesta segunda-feira, citando o aumento das medidas de segurança na cidade fronteiriça de Dandong, onde o tráfego ferroviário teria sido suspenso e hotéis pararam de receber estrangeiros.
Segundo a KCNA, a fábrica visitada por Kim possui linhas de montagem para acelerar a produção de mísseis. O líder elogiou cientistas e trabalhadores e aprovou planos de expansão e melhorias.
Autoridades sul-coreanas afirmam que Kim vem pressionando por um aumento na produção de munições, já que fornece à Rússia grandes volumes de equipamento militar, incluindo artilharia e mísseis balísticos. Desde o outono passado, ele também teria enviado milhares de soldados para lutar ao lado das forças russas na Ucrânia, priorizando a aliança com Moscou em uma política externa voltada a estreitar laços com países que se opõem aos EUA.
Parceria militar
Com a parceria militar fortalecida, a Coreia do Norte passou a se manifestar mais sobre questões internacionais além da Península Coreana, divulgando comunicados diplomáticos sobre os conflitos no Oriente Médio e no Estreito de Taiwan, enquanto tenta se consolidar como parte de uma frente unida contra Washington. Especialistas avaliam que a presença de Kim no evento multilateral em Pequim é também um esforço para aproximar-se de países próximos à China e à Rússia.
A China continua sendo o principal parceiro comercial e sustentáculo econômico da Coreia do Norte. Assim, a participação de Kim no desfile militar em Pequim é vista como um gesto de reforço dos laços com um aliado estratégico, além de uma tentativa de ampliar sua influência antes de uma possível retomada das negociações com os EUA.
O presidente americano Donald Trump e o presidente sul-coreano Lee Jae-myung já expressaram a intenção de reiniciar o diálogo com Pyongyang, mas o regime norte-coreano rejeitou publicamente as tentativas de aproximação. Nesta segunda-feira, Seul anunciou a suspensão de transmissões de rádio militares dirigidas ao Norte como medida para reduzir tensões. O governo de Lee já havia encerrado outras transmissões de notícias internacionais e retirado alto-falantes na linha de frente que costumavam tocar músicas de K-pop, além de mensagens de propaganda.
Desde o fracasso das negociações entre Kim e Trump em 2019 – quando o presidente norte-americano rejeitou a exigência de Pyongyang por alívio significativo das sanções em troca de medidas parciais de desnuclearização -, a Coreia do Norte vem evitando o diálogo tanto com Washington quanto com Seul. (COM INFORMAÇÕES DA AP)
*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.
Por: Estadão Conteúdo