Por Redação O Estado de S. Paulo – 07/07/2025 17:09
Guilherme Dias dos Santos Ferreira, jovem morto na última sexta, 4, baleado na cabeça por um PM após ser confundido com um ladrão, carregava na mochila apenas pertences pessoais – dentre eles uma Bíblia, itens de higiene, além da marmita e talheres que tinha levado para o trabalho. As informações constam no boletim de ocorrência do caso, ao qual a reportagem teve acesso.
Em entrevista à TV Globo, a família relatou que as primeiras informações que receberam na delegacia apontavam o rapaz como envolvido em um crime – o que nunca ocorreu.
“O que revolta a gente é saber que ele não estava na cena do crime e foi morto sem ter sido enquadrado, sem seguir protocolo”, explicou Larissa Santos, prima de Guilherme.
“A gente quer justiça, que esse policial, se for possível, ser afastado. R$ 6,5 mil para um vida que foi perdida para a gente não está satisfatório”, completou.
À Polícia Civil, o PM disse que confundiu a vítima com um dos criminosos que teriam tentado assaltá-lo momentos antes. Guilherme estava com uma sacola onde levava a marmita e os talheres que usou no trabalho, em uma empresa próxima. Ele morreu no local.
PM pagou fiança e responderá em liberdade
O policial foi preso em flagrante, mas pagou fiança e responderá em liberdade pelo crime. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do PM. EM nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que o agente foi afastado.
“O policial foi afastado do serviço operacional. As investigações do caso seguem em andamento pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e são acompanhadas pela PM. O agente, de 35 anos, foi preso em flagrante por homicídio culposo, na noite de sexta-feira (4), pagou fiança estabelecida nos termos do artigo 322 do Código de Processo Penal (CPP).”
O artigo estabelece que a autoridade policial só pode conceder fiança nos casos de infrações penas cuja pena máxima privativa de liberdade não seja superior a 4 anos. Como o delegado entendeu que se trata de homicídio culposo, a pena varia de 1 a 3 anos.
A reportagem apurou que a fiança foi de R$ 6,5 mil. Ainda segundo a SSP, o policial foi afastado do serviço operacional. O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Conforme o registro da ocorrência, o policial estava de folga e pilotava uma moto pela Estrada Ecoturística de Parelheiros quando foi abordado por suspeitos armados em outras motos. Eles teriam tentado roubar a motocicleta do agente. O PM Fábio Anderson Pereira de Almeida reagiu à abordagem e efetuou disparos contra os suspeitos. Ao ver Guilherme correndo – ele corria para não perder seu ônibus – o agente atirou em sua cabeça.
‘Pessoa do bem, focado na família e no trabalho’
Guilherme trabalhava há três anos como marceneiro na empresa Dream Box, que projeta e monta camas, com unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro. A unidade de São Paulo não abriu nesta segunda-feira em luto pela morte do colaborador.
“Estamos todos consternados e assustados pela forma como aconteceu. O Guilherme era uma pessoa do bem, focado na família e no trabalho”, diz Miguel Moura, proprietário da empresa.
Segundo ele, o rapaz já ocupava um cargo de destaque por ter habilidades técnicas e estava sendo preparado para ganhar uma promoção. “Ele estava em treinamento para subir de cargo. Temos uma boa equipe na unidade, mas o Guilherme era muito bom, um cara maravilhoso.”
Moura confirmou que Guilherme tinha acabado de sair a pé da fábrica e seguia para o ponto de ônibus quando acabou envolvido no assalto que não tinha qualquer relação com ele.
“É inacreditável que tenha acontecido logo com ele. Tinha acabado de sair da fábrica, um dia inteiro trabalhando. Agora estamos pensando na família, que está vivendo essa tragédia”, diz.
Nas redes sociais, os familiares do rapaz manifestaram indignação e pediram justiça. O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) usou sua conta no Instagram para falar sobre o caso.
“Suspeitar de uma pessoa negra baseado na aparência é uma das mais antigas formas de racismo praticada no Brasil e deve ser tratada de acordo cm o que diz a lei. Estarei hoje prestigiando a celebração dos 47 anos do Movimento Negro Unificado e também manifestando minha solidariedade aos familiares e amigos de Guilherme Dias Santos Ferreira, que pedem por justiça para esse crime”, postou.
A Ouvidoria das Polícias informou que abriu um procedimento para acompanhar o caso e já pediu imagens de câmeras instaladas no local onde se deram os fatos.
Por: Estadão Conteúdo
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