Ibovespa vai a 144 mil na sessão e renova também pico de encerramento, a 143 mil

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Alinhado ao apetite a risco desde o exterior – com novos dados de emprego nos Estados Unidos tendo corroborado a percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) permanece a caminho de juros mais baixos já na semana que vem -, o Ibovespa tocou nova altitude histórica no intradia, pela primeira vez aos 144 mil pontos, e também renovou a máxima de fechamento. Nesta quinta-feira, 11, flutuou em margem mais ampla, saindo de mínima na abertura aos 142.349,41 pontos e atingindo, no melhor momento, os 144.012,50 pontos (+1,17%).

Ao fim, marcava 143.150,03 pontos, em alta de 0,56%, com giro reforçado a R$ 24,5 bilhões nesta quinta-feira. Na semana, passa a subir 0,36%, colocando o ganho do mês a 1,22%. No ano, o índice da B3 avança 19,01%.

Nesta quinta, as novas leituras sobre o mercado de trabalho americano, como os pedidos semanais de auxílio-desemprego, reforçaram a expectativa por juros mais baixos nos Estados Unidos e, possivelmente, um grau maior de cortes até o fim do ano. Assim, os rendimentos dos Treasuries e da curva do DI recuaram na sessão, com a atenção do mercado de renda fixa concentrada na próxima superquarta, dia 17, de decisões de juros nos Estados Unidos e também no Brasil.

Após uma sequência de três altas, o dia foi de correção para o petróleo, em baixa de 2% no fechamento de Nova York (WTI) e de 1,65% em Londres (Brent), o que fez com que Petrobras (ON -1,05%, PN -0,38%) se descolasse do ajuste positivo para as ações de primeira linha, com destaque para Vale (ON +0,78%) e, entre os maiores bancos, para Santander (Unit +1,08). O dia foi positivo também em nomes como Itaú (PN +0,18%), Banco do Brasil (ON +0,77%) e Bradesco (ON +1,04%, PN +0,95%), apesar de o segmento de bancos, como um todo, ter perdido força rumo ao fechamento, em especial Itaú, a ação de maior peso do setor.

Na ponta ganhadora do Ibovespa, Magazine Luiza (+8,11%), Vivara (+4,99%) e Cyrela (+4,91%). No campo oposto, Pão de Açúcar (-5,39%), Caixa Seguridade (-2,46%) e Totvs (-1,40%).

Nos Estados Unidos, dois destaques na agenda desta quinta-feira. “Os pedidos de seguro-desemprego ficaram acima do esperado e o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,4% de julho para agosto, um pouco mais do que a previsão do mercado (0,3%) – porém, o chamado núcleo do CPI, que mostra a inflação com mais precisão (ao expurgar itens considerados voláteis), veio dentro do esperado”, aponta Luise Coutinho, head de produtos e alocação da HCI Advisors.

Ela acrescenta que as leituras do dia, sobre o emprego e também a inflação ao consumidor, “reforçam a ideia de que o banco central dos EUA pode reduzir os juros na reunião da próxima quarta-feira”.

“A Bolsa já abriu em leve alta com humor mais favorável sobre ativos brasileiros por conta da expectativa de cortes de juros em breve, com dados de inflação que têm apontado nessa direção, já em setembro, na semana que vem com o Fed”, diz Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, acrescentando que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro começa a operar como um pano de fundo, sem tanto efeito sobre os preços dos ativos, com os dados econômicos voltando a assumir mais proeminência.

“Houve certa euforia global hoje, especialmente com os dados de inflação, sem sinais amarelos quando comparados a outras leituras anteriores, o que reforça a expectativa por juros mais baixos a partir dos Estados Unidos, com alcance também para os juros praticados em outros países como o Brasil”, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, observa que apesar da inflação ao consumidor, marginalmente mais alta do que o esperado para agosto nos EUA, os investidores entenderam que a piora no emprego aumenta a probabilidade de cortes de juros pelo Fed ainda este ano.

“O CPI indica uma pressão inflacionária maior do que a desejada, mas não o suficiente para inviabilizar cortes, já que o núcleo da inflação permanece controlado”, diz. “Assim, fica claro que o que moveu o dólar hoje foi justamente essa expectativa de que o Fed terá de agir para sustentar a economia, mesmo diante de inflação resistente”, acrescenta. No fechamento desta quinta, a moeda norte-americana mostrava baixa de 0,27%, a R$ 5,3922.

“Esses dados do mercado de trabalho reforçam a percepção de que a atividade econômica está em desaceleração nos EUA. Nesse contexto, o Fed se vê diante do dilema de cortar os juros para estimular a atividade e correr o risco de reacender pressões inflacionárias, ou manter a política restritiva e sufocar ainda mais a indústria e o emprego”, observa Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos.



Por: Estadão Conteúdo

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