Ibovespa tem dia de leve ajuste, para baixo, mas defende os 137 mil pontos

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O Ibovespa oscilou para baixo nesta terça-feira, 26, após ter recuperado, na segunda-feira, a casa de 138 mil pontos, no maior nível de fechamento desde 8 de julho, o dia que antecedeu o tarifaço americano. Nesta terça, o índice teve variação de menos de mil pontos entre a mínima (137.058,48) e a máxima (138.036,72) da sessão, em que saiu de abertura aos 138.025,91 pontos. Ao fim, marcava 137.771,39 pontos, em leve baixa de 0,18%, com giro financeiro nesta terça em recuperação, a R$ 20,0 bilhões. Na semana, o Ibovespa recua 0,14%, ainda com ganho no mês a 3,53%. No ano, sobe 14,54%.

A sessão foi majoritariamente negativa para carros-chefes como Petrobras (ON -0,51%, PN -0,72%), em dia de queda superior a 2% para o petróleo em Londres e Nova York após quatro altas seguidas para a commodity. A terça-feira foi mista para o setor financeiro, com variações entre os maiores bancos de -0,67% (Itaú PN) a +1,65% (BB ON). Na ponta ganhadora, Minerva (+3,13%), Pão de Açúcar (+3,12%) e Vibra (+3,11%). No lado oposto, MRV (-3,43%), Raízen (-2,86%) e Yduqs (-2,45%). Entre as blue chips, Vale ON, o principal papel do Ibovespa, fechou em alta de 0,89%, na máxima do dia, contribuindo para a contenção do ajuste do índice.

Destaque da agenda doméstica nesta terça-feira, a leitura do IPCA-15 referente a agosto, considerada a prévia da inflação oficial do mês, ao trazer uma deflação, na margem, menor do que a antecipada pelo mercado, frustrou em parte a perspectiva de que o ciclo de cortes da Selic venha a ser antecipado do primeiro trimestre de 2026 para o último mês de 2025.

Uma parte maior dos agentes chegou a precificar redução da taxa em dezembro após o sinal dovish emitido na última sexta-feira por Jerome Powell, presidente do Fed, no sentido de possível flexibilização dos juros dos EUA já em setembro. Também contribuiu para esse movimento o boletim Focus da segunda-feira, que mostrou o primeiro sinal de alívio nas expectativas inflacionárias de longo prazo por aqui.

No quadro externo, as diatribes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com dirigentes do Fed seguem no radar dos investidores. O anúncio, feito por Trump na noite da segunda-feira, sobre a destituição de Lisa Cook, diretora do Fed, reacendeu discussões relevantes tanto no campo jurídico quanto econômico, observa Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos.

Lisa Cook, indicada pelo então presidente Joe Biden, foi acusada por suposta fraude hipotecária no Michigan e na Geórgia. Segundo Trump, a diretora teria apresentado informações contraditórias em dois pedidos de financiamento imobiliário, ambos exigindo que os imóveis fossem utilizados como residência principal, o que, segundo ele, configuraria conduta enganosa e possivelmente criminosa.

Refletindo a persistência do fogo cruzado entre a Casa Branca e o BC dos EUA, os rendimentos dos Treasuries de 2 anos – mais correlacionados à perspectiva de curto prazo para a política monetária dos EUA – voltaram a ceder terreno nesta terça, como tem prevalecido desde a fala de Powell, mas vencimentos na ponta longa da curva, como os de 10 anos, avançaram nesta terça-feira. Por aqui, o dia foi de ajuste para cima na curva do DI após o IPCA-15 de agosto, divulgado pela manhã.

“A anunciada demissão de diretora do Fed causa um pouco de cautela e receio global, o que se reflete na cotação do dólar e no Ibovespa, considerando também o efeito desta recente leitura da inflação” para a curva de juros doméstica, aponta João Soares, sócio-fundador da Rio Negro Investimentos.

Nesta terça, Trump afirmou que está preparado para uma disputa judicial contra a diretora do Fed, em comentários após reunião de gabinete do governo. “Precisamos de pessoas que sejam 100% honestas no Fed”, disse Trump, acrescentando que possui “ótimas” alternativas para substituir Cook e que obterá maioria de dirigentes na conformação do BC americano “em breve”.



Por: Estadão Conteúdo

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