Ibovespa renova máxima histórica intraday com aposta de juro menor nos EUA

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O Ibovespa sobe praticamente desde a abertura dos negócios desta quinta-feira, 11, e passou a renovar uma série de máximas, batendo nível histórico intradia. Há pouco, subia 1,17%, aos 144.012,50 pontos, na máxima. Assim, desbanca a última marca inédita alcançada durante a sessão do último dia 5.

O bom humor aqui segue o exterior, onde as bolsas avançam, especialmente as norte-americanas, que também operam nas máximas, os rendimentos dos Treasuries caem, contaminando os juros futuros brasileiros.

Há um sentimento renovado de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) cortará juros em sua reunião da próxima semana, e talvez nos demais encontros até o final de 2025, apesar da aceleração do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) e dos núcleos do dado em agosto, divulgados nesta .

O CPI veio forte como o esperado e os pedidos de auxílio-desemprego dos Estados Unidos vieram altos, o que sugere mercado de trabalho frágil”, avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. Segundo ele, essa indicação fortalece a ideia de corte de juros pelo Fed.

Os mercados refletem o ambiente macroeconômico, segundo afirma Bruna Centeno, economista na Blue3 Investimentos. Conforme ela, ainda que os dados recentes tenham vindo com resultados divergentes nos EUA, a leitura é positiva quanto a perspectivas de quedas de juros nos EUA. “Os mercados estão se preparando para a Super Quarta reunião do Fed e Copom”, afirma, ao referir-se ao CPI e ao aumento nos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA.

O CPI dos Estados Unidos subiu 0,4% em agosto, ante previsão de 0,2%, indo a 2,9% no acumulado de 12 meses. Já o número de pedidos de auxílio-desemprego no país subiu 27 mil na semana até 6 de setembro, a 263 mil. O resultado veio acima da previsão de analistas, de 231 mil solicitações.

Para Rafael Perez, economista da Suno Research, embora a inflação siga acima da meta do Federal Reserve, os números de hoje não devem alterar o plano de voo da autoridade monetária. O foco permanece nos sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho, reforçados nesta semana pela revisão para baixo de mais de 900 mil vagas pelo Bureau of Labor Statistics (BLS), indicando uma desaceleração maior do que a esperada.

“Não houve grandes surpresas. O mercado de trabalho norte-americano está arrefecendo, a inflação segue alta, mas não é um spike, uma explosão. As tarifas devem acelerar a inflação, mas no longo prazo deve haver desaceleração”, avalia Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, completando que desta forma prossegue a ideia de três cortes de juros nos EUA em 2025.

“Puxa fluxo no mundo como um todo, o Ibovespa tem bom desempenho em dia de fechamento da curva, o que estimula ações mais sensíveis a juros na B3, além de bancos, principalmente”, afirma Moreira.

Apesar deste cenário, Bruna Centeno acredita que o Fed cortará os juros na semana que vem, o que pode também estimular um recuo pelo Copom. Para ela, o foco maior recairá sobre os comunicados dos bancos centrais, a fim de se estimar quais serão os próximos passos dos juros aqui e nos EUA. “Pode vir cortes mais fortes pelo Fed à frente. Um recuo de 0,25 ponto porcentual na semana que vem deve ser mais um sinal para o presidente dos EUA e após sinal dovish recente de Jerome Powell, do Fed”, avalia.

Entre as commodities, o petróleo cai perto de 2%, em meio à decisão da AIE de elevar a demanda global pela commodity este ano. Já o minério de ferro fechou com queda de 0,81% em Dalian, na China.

Ainda, fica no foco a retomada do julgamento no STF, às 14 horas, que poderá definir os rumos do caso. A análise do processo deve ter hoje uma definição sobre condenações e absolvições do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus por tentativa de golpe de Estado em 2022-2023. Ontem, o ministro Luiz Fux, terceiro a julgar o caso, levou mais de 11 horas para votar pela absolvição de Bolsonaro, o que causou surpresa em colegas e advogados.

Nesta manhã, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as suas principais taxas de juros, conforme o esperado.

Às 11h45, o Ibovespa subia 1,14%, aos 143.977,27 pontos, ante mínima de abertura em 142.349,41 pontos, com variação zero. De 84 papéis, seis caíam.



Por: Estadão Conteúdo

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