O tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a exportadores brasileiros já afetou em julho alguns informantes da Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo André Macedo, gerente da pesquisa, os questionários referentes a julho mostram alguns informantes sinalizando influência do tarifaço nas expectativas e na produção futura, mas sem impactos relevantes sobre nenhuma atividade específica nem no resultado geral da indústria nacional no período.
“Observamos (influência de tarifaço) em algumas informações muito pontualmente nesse momento, aqueles que têm relação mais direta com o mercado externo e relação mais com os Estados Unidos, indicando algum tipo de impacto quanto a isso. Nesse momento ele já pisa no freio. Dentro do resultado em geral não tem importância nesse momento”, disse Macedo. “A perda de intensidade da indústria tem muito mais relação nesse momento com a política monetária mais restritiva.”
A produção industrial recuou 0,2% em julho ante junho, completando uma sequência de quatro meses sem crescimento. Entre abril e julho de 2025, a produção acumulou uma perda de 1,5%.
“A questão do tarifaço tem relação mais importante com expectativas e com produção mais futura. Claro que vai trazer impacto mais à frente, a gente não sabe como mensurar, mas nesse momento ainda está no campo das expectativas dos empresários”, frisou o pesquisador.
Macedo lembra que os dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira são referentes a julho, enquanto o tarifaço entrou em vigor em agosto.
“Claro que afeta expectativas, confiança, tem impacto importante nas expectativas. O que a gente observa já em alguns questionários que nos chegam é já indicando nesse sentido, especialmente em atividades voltadas para o mercado externo”, explicou ele. “De forma muito pontual, eu vi (sinalizações sobre tarifaço) num questionário aqui ou outro ali, mas não é determinante para nenhuma atividade como um todo.”
Por: Estadão Conteúdo