HPV: 7 mitos e verdades que você precisa saber

8 Min de leitura



HPV: 7 mitos e verdades que você precisa saber

O HPV, sigla para Papilomavírus Humano, é um vírus bastante comum e transmitido principalmente por contato sexual desprotegido. Ele possui diferentes tipos, alguns responsáveis por verrugas genitais e outros associados a lesões que podem evoluir para câncer, como o de colo do útero, ânus, pênis, boca e garganta. O grande risco é que, muitas vezes, ele não apresenta sintomas, permitindo que a infecção avance silenciosamente.

A pesquisa “Mitos e verdades sobre o câncer de colo do útero”, realizada pelo Instituto Locomotiva, em parceria com a Tino Comunicação e o Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), aponta um desafio significativo na conscientização e prevenção da doença no Brasil. O estudo, que entrevistou 831 mulheres brasileiras de 18 a 45 anos das classes ABCD, revela que a falta de informação ainda é uma grande barreira na prevenção, especialmente em relação à vacinação contra o HPV.

A desinformação fica clara quando os dados mostram que seis em cada dez mulheres têm dúvidas sobre o perigo do vírus: 57% não sabem que a maioria dos casos de câncer do colo do útero é causado pelo HPV e 32% das entrevistadas têm conhecimento muito baixo sobre as medidaspreventivas dessa doença.

“Ampliar a informação sobre a vacina do HPV é urgente. A baixa adesão à imunização impacta diretamente a erradicação do câncer de colo do útero. A vacinação não é apenas prevenção, é a forma que temos para zerar as mortes oriundas desse tipo de câncer no Brasil”, afirma Alberto Chebabo, infectologista dos laboratórios Bronstein e Sérgio Franco, da Dasa, no Rio de Janeiro.

Abaixo, especialistas esclarecem os principais mitos e verdades sobre a doença. Confira!

1. Mais de 95% dos casos de câncer de colo do útero são causados pelo HPV

Verdade. O HPV é a principal causa do câncer de colo do útero. “A infecção persistente por tipos de HPV de alto risco, sendo os 16 e 18 os mais comuns, é a principal responsável por praticamente a totalidade dos casos de câncer de colo do útero”, explica Martha Calvente, ginecologista da clínica CDPI, também da Dasa.

A médica explica que o HPV de alto risco é adquirido por via sexual e, na maioria das vezes, o sistema imunológico é capaz de eliminá-lo em até dois anos. No entanto, há situações em que o vírus permanece alojado no colo do útero.

“Durante essa permanência, o DNA do HPV interage com as células da mucosa, levando ao surgimento das chamadas lesões pré-malignas, classificadas como Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC) e como baixo grau (NIC 1) — que tem maior chance de regredir espontaneamente — ou alto grau (NIC 2 ou 3), que indicam um risco maior de progredir para um câncer invasivo”, alerta.

A progressão de uma lesão de alto grau até se tornar um tumor é lenta e pode levar muitos anos para acontecer. “É essa lenta progressão que torna o Papanicolau — conhecido como preventivo — um exame tão eficaz. Essa avaliação de rotina permite que o médico rastreie e detecte essas alterações no estágio de NIC, para que o tratamento seja implementado antes que o câncer se estabeleça”, explica Martha Calvente.

2. Mesmo quem usa preservativo durante as relações sexuais não está completamente protegido contra o HPV

Verdade. Mesmo o uso correto do preservativo (camisinha) durante as relações sexuais não garante 100% de proteção contra o HPV. “A infecção pelo HPV acontece pele a pele ou mucosa a mucosa nas áreas genitais, ou seja, o preservativo masculino ou feminino cobre apenas uma parte da região, e o vírus pode estar presente em áreas que ficam expostas, como a região pubiana, a base do pênis, a bolsa escrotal e a vulva. A forma mais eficaz de prevenção é a vacinação, que deve ser complementada pelo uso de preservativos e pela realização de exames preventivos de rotina”, detalha o infectologista Alberto Chebabo.

O especialista reforça ainda que a camisinha é extremamente eficaz contra outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como o HIV, a sífilis, a gonorreia e a clamídia.

3. O HPV é uma infecção que só atinge quem tem mais de um parceiro sexual

Mito. Qualquer pessoa sexualmente ativa pode contrair o HPV, mesmo que tenha tido apenas um único parceiro sexual na vida. “O HPV é um vírus muito comum e silencioso. Ele pode permanecer adormecido por anos no organismo e ser detectado em um momento completamente diferente da infecção inicial. Por isso, a presença do vírus não deve ser associada à infidelidade ou a múltiplos parceiros. O importante é manter o acompanhamento médico e garantir a vacinação como forma de prevenção”, explica o Dr. Guenael Freire, infectologista do São Marcos Saúde e Medicina Diagnóstica.

Homem com cabelo curto, e barba raça sentado usando camiseta cinza e calça jeans, mostrando braço vacinado em fundo marrom
Os homens também precisam se vacinar contra o HPV (Imagem: Prostock-studio | Shutterstock)

4. O HPV só afeta as mulheres; os homens apenas transmitem o vírus e não precisam se vacinar

Mito. O HPV afeta homens e mulheres, e ambos podem tanto transmitir quanto sofrer as consequências da infecção. “Ainda existe a ideia equivocada de que o HPV é um problema apenas feminino, mas isso não é verdade. O vírus também pode causar doenças graves nos homens, como câncer de pênis, boca e garganta. A vacinação masculina é fundamental para a própria proteção e para quebrar a cadeia de transmissão do vírus na população”, reforça o Dr. Guenael Freire.

Mito. Cerca de 80% das infecções por HPV são silenciosas e assintomáticas. Isso significa que a pessoa contrai o vírus e não desenvolve nenhum sinal ou sintoma.

6. O HPV não tem cura

Depende. Alberto Chebabo explica que uma pessoa pode contrair o vírus e, com a resposta natural do organismo, eliminá-lo de forma espontânea, ficando livre da infecção. Além disso, as alterações provocadas pelo HPV, como verrugas ou lesões pré-cancerígenas, podem ser tratadas e apresentam altas possibilidades de sucesso no tratamento.

“A dificuldade em afirmar a cura total está no fato de que, em alguns casos, o vírus pode permanecer em estado de latência nas células, podendo reativar-se ou ser transmitido mesmo após o tratamento das lesões. Sendo assim, a vacinação como medida preventiva é ainda mais importante”, ressalta.

7. A vacina contra o HPV é perigosa

Mito. A vacina é extremamente segura e eficaz e é reconhecida por todas as principais autoridades de saúde do mundo, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde brasileiro. O imunizante, criado em 2006 e introduzido no calendário de vacinação pública em 2014, foi submetido a rigorosos testes de segurança por anos antes de sua aprovação, e é monitorado continuamente após sua distribuição.

Por Rachel Lopes





Fonte: Portal EdiCase

Compartilhar