O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse que ainda não há data definida para a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente americano, Donald Trump, para discutir o tarifaço imposto pelos EUA aos produtos brasileiros.
Na manhã deste sábado, 4, Alckmin, ao lado do ministro dos Transportes, Renan Filho, visitou uma concessionária Hyundai em Brasília. Em conversa com a imprensa, Alckmin destacou que, depois de lançadas as tarifas, as alíquotas da celulose, ferro-níquel e herbicida foram zeradas e as tarifas a produtos como madeira serrada foram reduzidas.
“Se a gente somar tudo isso, dá US$ 1,7 bilhão”, disse. “Então, tivemos alguns avanços. Eu acho que o encontro do presidente Lula com o presidente Trump em Nova York foi importante. Nós temos muita convicção de que teremos próximos passos. E não há razão para ter essa tarifa, porque os Estados Unidos é superavitário. Eles vendem mais para a gente do que nós para eles”.
Para Alckmin, há “uma avenida pela frente para aumentar investimentos recíprocos e complementaridade econômica”. Sobre as expectativas de encontro entre os dois presidentes Alckmin disse apenas: “Vamos aguardar”.
O vice-presidente contou que tem conversado com o secretário (do Comércio dos EUA) Howard Lutnick. “Também conversei com o chefe do USTR (o Escritório Comercial americano), o embaixador Jamieson Greer. Conversas boas, positivas. Vamos aguardar que as coisas estão caminhando.”
Alckmin disse que ainda não estão marcadas novas conversas com autoridades americanas. “Eu fui professor de cursinho para medicina de química. A química é uma ótima solução”, acrescentou, fazendo referência à fala de Trump, que disse ter havido “química” com Lula no encontro entre os dois líderes na Assembleia-Geral da ONU.
Encontro em NY ‘distensionou’ a relação, diz ministro
O ministro dos Transportes, Renan Filho, disse que as negociações do Brasil com os Estados Unidos em torno do tarifaço estão avançando, mas problemas locais e agendas paralelas no país de Donald Trump atrasaram o cronograma. Segundo ele, o shutdown sempre atrapalha os EUA e suas relações comerciais, porque o país fica paralisado.
“O fato é que o diálogo tem que acontecer pela diplomacia para fazer o que o Ulysses Guimarães dizia, uma reunião desse nível tem que ser arrumada. Mas a gente está indo bem”, disse. Ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin, Renan Filho visitou neste sábado uma concessionária Hyundai, em Brasília.
O ministro ainda citou o plano anunciado pelo presidente Donald Trump para cessar-fogo na Faixa de Gaza: “Teve o plano americano para a pacificação da Faixa de Gaza que o Brasil apoiou. São muitas agendas paralelas. Você imagina que a agenda brasileira é complexa, imagina a americana. Então, tem que conciliar tudo isso”.
Sobre o local para a reunião entre os dois líderes, ele disse: “O presidente (Lula) terá uma agenda internacional agora e pode, inclusive, haver uma convergência da agenda internacional do presidente Trump. Isso pode acontecer lá fora (do Brasil), pode acontecer lá nos Estados Unidos, mas está sendo costurado”. Ele frisou que o encontro entre Lula e Trump em Nova York em setembro “distensionou” a relação.
“O fato é que, do tarifaço para cá, em nenhum momento houve retrocesso. Sempre a notícia é: retirou isso, retirou isso, retirou isso. Agora nós temos a MP 1.303, que está em tramitação no Congresso Nacional, que vai ser fundamental também para criar uma alternativa para os setores que ainda estão incluídos com as tarifas mais elevadas. Então acho que tem caminho e, como disse o presidente, vamos aguardar”, finalizou.
Por: Estadão Conteúdo