Fed tem desafio no momento porque corta taxas, mas juros dos Treasuries sobem, diz dirigente


O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Richmond, Tom Barkin, afirmou que os dirigentes enfrentam um desafio no momento ao lidar com as taxas de juros: os rendimentos longos dos Treasuries continuam em nível elevado, apesar da flexibilização monetária. Os comentários de Barkin aconteceram em evento virtual da Câmara de Comércio de Howard County, nesta segunda-feira, 22, ao falar sobre a atual crise imobiliária dos EUA.

“Controlamos somente a ponta curta dos rendimentos dos EUA com cortes de juros. Pessoas preocupadas com a hipoteca se preocupam com a ponta longa de 10 anos ou 30 anos, muito ligada às expectativas de inflação e a dinâmicas de oferta de títulos públicos com o déficit fiscal”, apontou o dirigente.

Barkin argumentou ainda que a solução para crise imobiliária atual não está em estimular a demanda, tendo em vista que o cenário ainda é de oferta insuficiente de moradias.

Mercado de trabalho

O presidente do Federal Reserve de Richmond também minimizou preocupações quanto a sinais recentes de enfraquecimento do emprego. “Vemos um mercado de trabalho que só está crescendo moderadamente”, disse.

No cenário dele, os dados indicam uma desaceleração em ritmo lento do avanço salarial, que deverá continuar nos próximos meses até retornar aos níveis pré-pandemia. Já a taxa de desemprego segue em um dos menos níveis da série histórica, com as novas políticas de imigração e o envelhecimento da população ajudando a equilibrar a oferta e demanda por mão de obra nos EUA.

Para Barkin, o quadro sugere que o salário real e a valorização dos mercados acionários continuam aumentando, junto com o otimismo empresarial e os gastos dos consumidores. “O que limita é a persistência da incerteza nos sentimentos de empresas e consumidores”, ponderou.

Contudo, o dirigente admite a existência de riscos de baixa e de alta para o emprego. Segundo Barkin, se o cenário de baixa contratação continuar e as demissões aumentarem, o emprego pode enfraquecer de maneira acentuada e afetar o desempenho da economia. Por outro lado, se o consumo voltar a crescer em ritmo forte, as empresas podem retomar processos de contratação.

Barkin também apontou que a inteligência artificial (IA) pode ajudar a manter o ambiente de baixo nível de contratação, sem danos ao pleno emprego, caso consiga elevar os níveis de produtividade. “Se empresas tiverem um bom desempenho, isso é bom para o mercado de trabalho”, observou, notando que a alta produtividade tende a compensar os gastos salariais mais elevados.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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