Exportação de café solúvel cai 4% de janeiro a agosto sob efeito do tarifaço dos EUA, diz Abics


A exportação brasileira de café solúvel alcançou o equivalente a 2,508 milhões de sacas de 60 kg, de janeiro a agosto, para 88 países, volume 3,9% inferior ao registrado nos oito primeiros meses de 2024 (2,610 milhões de sacas). “Esse desempenho já tem impacto do tarifaço de 50% imposto pelo governo dos Estados Unidos para a entrada do produto nacional no país”, informou em comunicado o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), Aguinaldo Lima.

Em receita cambial, contudo, o desempenho é positivo, com o ingresso de US$ 760,776 milhões sendo 33% superior ao montante aferido entre janeiro e agosto de 2024 (US$ 572,130 milhões).

“Quando analisamos os valores, notamos que o crescimento se deve aos elevados preços do café como um todo, inclusive do solúvel, no mercado internacional, o que nos faz crer que poderemos superar US$ 1 bilhão em 2025, ultrapassando os US$ 950 milhões do ano passado e estabelecendo uma nova marca histórica”, estimou Lima.

Após a entrada em vigência do tarifaço de 50% imposto pelo governo Donald Trump ao café solúvel brasileiro a ser exportado para os Estados Unidos, os embarques do produto nacional ao mercado americano, em agosto, despencaram 59,9% na comparação com o mesmo mês de 2024 e 50,1% em relação a julho deste ano, somando o equivalente a apenas 26.460 sacas de 60 kg.

“Essa queda brusca é muito preocupante e frustra a expectativa que tínhamos de quebrar novo recorde nas exportações de café solúvel em 2025, superando os 4,093 milhões de sacas do ano passado”, lamentou o diretor executivo da Abics.

Ele comentou que a entidade, em parceria com os representantes dos demais segmentos da cadeia produtiva, como o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), por exemplo, continua trabalhando em estratégias conjuntas com as autoridades brasileiras e os clientes nos EUA.

Lima observou, também, que, além do tarifaço imposto pelos EUA, os cafés solúveis brasileiros ainda sofrem com tarifas aplicadas por várias nações. “O Brasil é um país de poucos acordos comerciais e isso dificulta nossa competitividade. É fundamental que o governo brasileiro seja mais agressivo em fechar esses acordos para proporcionar que nossas indústrias possam ampliar seus negócios, gerar mais receita aos cofres do país e permitir que permaneçamos na liderança do segmento”, recomendou.

Principais destinos

De acordo com os dados da plataforma Abics Data, apesar da queda motivada pelo tarifaço em agosto, os EUA ainda lideram o ranking dos principais parceiros comerciais dos cafés solúveis do Brasil no acumulado de 2025, com a importação de 443.179 sacas, volume 3,7% menor do que o adquirido nos mesmos oito meses de 2024. Fechando o top 3, aparecem Argentina, com 236.454 sacas (+88,3%), e Rússia, com 188.041 sacas (+16,8%).

“Entre os principais destinos do café solúvel brasileiro neste ano, chamam a atenção a Colômbia, com importação de 82,7 mil sacas; Vietnã, com 72,4 mil sacas; e Malásia, com 68,8 mil sacas, que também são países produtores de café em grão e solúvel e passam a figurar no top 15 do ranking”, destacou Lima.

Também de acordo com dados da Abics, os brasileiros consumiram 17,623 mil toneladas (o equivalente a 763.645 sacas) de café solúvel no acumulado entre janeiro e o fim de agosto de 2025, apresentando um crescimento de 4,7% na comparação com o mesmo intervalo de oito meses em 2024.

Por tipo de produto consumido, observa-se um avanço de 11,3% no freeze dried (liofilizado), para 2,036 mil toneladas, e de 3,9% no spray dried (em pó), a 15,586 mil toneladas. O consumo de todos os tipos de café solúvel importado – já incluídos no compilado total de spray e freeze dried – também apresentou elevação, de 30,7%.

“O mercado interno continua respondendo muito positivamente aos investimentos que nossos industriais vêm realizando para otimizar, ainda mais, a qualidade e apresentar novos produtos, ampliando o leque de diversidade. Aliam-se a isso a praticidade de preparo e o fato de o café solúvel ter preços mais acessíveis que os demais em um período de cotações elevadas”, conclui o diretor executivo da Abics.

Novo presidente

Bruno Giestas, diretor comercial da Realcafé, assumiu interinamente a presidência da Abics, neste mês de setembro, sucedendo o até então presidente Fabio Sato, que se aposentou.

Ele exercerá a função até abril de 2026, quando será realizada eleição para a definição da nova diretoria da entidade.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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