doença adquirida por Sebastião Salgado em 1990 pode reaparecer anos depois; entenda


O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, um dos nomes mais importantes da fotografia mundial, morreu nesta sexta-feira, 23, na França, aos 81 anos. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, organização criada por ele e por sua esposa, Lélia Wanick, e dedicada à recuperação ambiental do Vale do Rio Doce.

A causa da morte ainda não foi oficialmente divulgada, mas há suspeita de que esteja relacionada a complicações da malária, doença contraída por Salgado em 1990, durante uma viagem à Nova Guiné, na Oceania. A região foi uma das muitas retratadas no projeto Gênesis, uma de suas obras mais conhecidas, que registra paisagens e povos que seguem praticamente intocados mesmo com as transformações da sociedade moderna.

Em março deste ano, durante a abertura de uma retrospectiva de sua obra no centro cultural Les Franciscaines, em Deauville, no norte da França, Salgado chegou a mencionar que havia sido internado semanas antes para continuar o tratamento da doença.

Ele também revelou que estava tomando medicamentos há 15 anos, mas que seu corpo havia começado a rejeitar o tratamento. “Me desculpem, eu não estou nem com 50% de energia”, disse Salgado durante o evento.

O que é a malária?

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por três protozoários do gênero Plasmodium: P. falciparum, P. vivax e P. Malariae.

A transmissão ocorre por meio da picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles (também conhecido como “mosquito prego”) infectada por uma ou mais espécies do Plasmodium.

A doença é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um problema de saúde global. No Brasil, a grande maioria dos casos ocorre na região da Amazônia.

Quais são os sintomas?

Depois da picada, o parasita pode permanecer incubado no corpo por pelo menos uma semana antes do início dos sintomas.

De forma geral, o quadro inicial inclui febre alta, calafrios, sudorese intensa, dor de cabeça, dores musculares e, em alguns casos, taquicardia, aumento do baço e até episódios de delírio.

P. falciparum: a forma mais grave da doença

A infecção pelo Plasmodium falciparum é considerada a mais perigosa e requer tratamento imediato: o ideal é iniciar nas primeiras 24 horas após o aparecimento da febre. Isso porque esse protozoário se multiplica rapidamente no sangue, destruindo uma grande quantidade de hemácias (de 2% a 25%), o que pode levar a um quadro de anemia grave.

Além disso, os coágulos formados na corrente sanguínea podem causar trombose e embolia em diversos órgãos. Em casos mais graves, pode ocorrer a chamada malária cerebral, responsável por cerca de 80% das mortes associadas à doença. Nessa forma, além da febre, podem surgir sintomas como dor de cabeça intensa, rigidez na nuca, confusão mental, sonolência ou agitação, vômitos, convulsões e, em situações extremas, coma.

P. vivax: sintomas mais leves e riscos ‘escondidos’

Já o Plasmodium vivax costuma causar uma forma mais branda de malária, afetando uma proporção menor de hemácias (menos de 1%). Os sintomas incluem mal-estar, calafrios, febre – inicialmente diária, mas que tende a seguir um padrão de dois em dois dias -, além de sudorese intensa e cansaço extremo.

Embora raramente leve à morte, a infecção por P. vivax exige atenção especial: o protozoário pode se alojar no fígado, onde permanece ativo por mais tempo, dificultando a eliminação completa e podendo provocar recaídas.

Além disso, a queda no número de plaquetas que acompanha esse tipo de infecção pode levar à confusão com outras doenças, como a dengue, o que pode atrasar o diagnóstico e o início do tratamento.

P. malariae: sintomas discretos e persistentes

A infecção por Plasmodium malariae costuma se manifestar com sintomas semelhantes aos da provocada por P. vivax, porém a febre geralmente é mais baixa e aparece em ciclos de três dias.

Doença pode voltar meses ou anos depois

Segundo Luis Fernando Aranha, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, tratar a malária uma vez não significa estar necessariamente curado.

Em infecções causadas pelo Plasmodium vivax ou pelo Plasmodium malariae, o parasita pode permanecer “adormecido” no fígado, em uma forma chamada hipnozoíta. Mesmo após um tratamento eficaz, nesses casos, ele pode reativar mais tarde, às vezes meses ou anos depois da infecção inicial.

“Qualquer pessoa pode ter uma recaída, não apenas pacientes imunocomprometidos. Quem tem imunidade mais baixa até pode desenvolver casos mais graves, com uma carga parasitária maior, mas o risco de a doença voltar não está necessariamente ligado à imunodepressão.”



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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