Documentário mostra Maguila infiel, inteligente, carismático e livre de preconceitos


Por Wilson Baldini Jr. – 24/10/2025 11:00

Com uma quantidade impressionante de imagens e depoimentos de celebridades, jornalistas, amigos e parentes, “Maguila – prefiro ficar louco a morrer de fome” entra em cartaz nesta sexta-feira na Globoplay, exatamente um ano após a morte de um dos esportistas mais carismáticos do País.

Emocionante, surpreendente e cativante, a produção de três horas, divididas em quatro episódios, não se limita apenas à carreira do pugilista peso pesado dos anos 80 e 90. Vai muito além e atrai até mesmo aqueles que puderam acompanhar a trajetória do lutador dentro e fora dos ringues.

O lado pessoal é revelado pela mulher Irani, com quem Maguila viveu por mais de três décadas, e pelo filho Junior Ahzura. Detalhes do relacionamento da família, como a infidelidade de Maguila, mostra um lado pouco explorado durante o período em que esteve em evidência.

A obra também tem êxito ao quebrar o estereótipo de que Maguila era ‘ignorante’, que só servia para dar socos na cabeça das pessoas dentro de um ringue. “Ele teve a capacidade de se adaptar às condições que lhe eram apresentadas”, disse Rafael Pirrho, de 42 anos, diretor e roteirista do documentário, que cuidou também de produções sobre Garrincha e Ayrton Senna.

Os apresentadores José Luiz Datena, Serginho Groisman e Milton Neves destacam a inteligência de Maguila, que ao saber de sua popularidade passou a realizar trabalhos na TV brasileira em vários setores. O documentário relembra Maguila como garoto-propaganda, comentarista econômico, cantor de pagode, palestrante, comediante e figura carimbada nos principais programas de variedades da TV brasileira. “Ele tinha sabedoria popular”, disse Datena.

O lado da carreira é minuciosamente apresentado, dando destaque para a parceria com o narrador Luciano do Valle (1947/2014), que cuidou de sua carreira até 1989. Maguila foi um grande boxeador ou uma farsa forjada pela imprensa? “Em um documentário não há o objetivo de se encontrar a verdade absoluta. A ideia é apresentar todas as opiniões”, afirmou Pirrho.

Três pontos mereceram destaque. As lutas com o argentino Daniel Falconi e o holandês Andre van den Oetelaar, de quem Maguila perdeu em 1985 e venceu a revanche em 1986, são revividas com a narração emocionante de Luciano do Valle.

Na sequência, a histórica luta com Evander Holyfield na eliminatória do título mundial, em 1990, quando Maguila perde no segundo assalto. Depoimentos de pessoas que fizeram parte da história garantem que a luta foi ‘arranjada’ pelo técnico Angelo Dundee, treinador de Maguila para o importante combate.

Segundo a maioria das opiniões, o lendário técnico norte-americano mandou o brasileiro ‘partir’ para cima do americano para ser nocauteado. O humorista Tom Cavalcante relembra a insatisfação de Maguila com Luciano do Valle por ter marcado a luta.

Neste momento, o documentário conta a trajetória de Maguila do ‘céu ao inferno’. De desafiante a Mike Tyson pelo título mundial a uma ‘mentira de queixo de vidro’. A obra provoca por meio de opiniões se Maguila deveria ou não seguir a carreira após a queda para Holyfield. Irani conta que não conseguiu convencê-lo a se aposentar e por isso passou ela mesma a organizar lutas por muitas cidades por mais uma década.

O último episódio é reservado para o período mais triste da vida de Maguila, quando passa a enfrentar a encefalopatia traumática crônica (ETC), uma doença degenerativa causada por lesões repetidas na cabeça, seu maior adversário.

A violência comportamental e o desequilíbrio emocional de Maguila causados pela doença que o fizeram ser internado com tratamento intensivo, mas não acabaram com sua religiosidade expressadas com emoção por Irani.

A última frase de Maguila no documentário resume muito bem este personagem histórico, que com simplicidade, humor e amor ao boxe ‘nocauteia’ a todos. Que não teve o prazer de conhecer e quem o acompanhou a carreira inteira.

“Maguila tinha capacidade para ser qualquer coisa, com sua capacidade de adaptação e de se reinventar, mas infelizmente é mais um caso de um talento desperdiçado no Brasil”, disse Rafael Pirrho.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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