Defensoria vê indícios de ilegalidade e violação na operação mais letal da história do Rio


A Defensoria Pública do Rio de Janeiro alega indícios de ilegalidade durante a megaoperação nos complexos de favelas da Penha e do Alemão, na zona norte da capital fluminense, na terça-feira, 28.

A ofensiva conjunta entre as polícias Civil e Militar contra o Comando Vermelho teve 121 mortos. Foram presas 113 pessoas, de acordo com balanço do governo do Rio. O governador Cláudio Castro (PL) classificou a operação como um “sucesso” e disse que as únicas vítimas foram os quatro policiais que morreram baleados nos confrontos. Foi a operação mais letal da história do Rio.

De acordo com o defensor Marcos Paulo Dutra, coordenador do Núcleo de Direitos Humanos e Coordenação Criminal da Defensoria Pública, há indícios de violações que estão sendo apuradas pelo órgão, como denúncias de corpos com facadas e decapitações, além de torturas provocadas às pessoas mortas e presas.

“Tiraram na faca. Pessoas sem pescoços. Deixaram a cabeça na árvore. Coisa de louco”, diz Tarsiellen Teixeira Francisco, familiar de um dos mortos.

“Já conversamos inclusive com os peritos para alinhar. Para que as perícias sejam feitas realmente com tranquilidade e com muito trabalho conjunto e um trabalho com muita precisão, porque os relatos que recebemos aqui na Penha são muito preocupantes. São relatos de violações, de facadas, de coisas assim, são relatos, por exemplo, da tortura, de tiros só na cabeça, no rosto, no peito”, pontua o defensor, que afirma que há relatos, ainda sem confirmação de corpos decepados.

Segundo ele, também há indícios de adolescentes e até crianças entre os mortos. “A Defensoria Pública identificou, por exemplo, corpos de sete possíveis adolescentes, sendo que desses sete adolescentes, um, pela compleição física, era criança”, reitera.

O secretário da Polícia Militar do Rio, Marcelo de Menezes, disse nesta quarta-feira, 29, que operação teve 60 dias de planejamento. O Estado diz que a estratégia foi necessária para avançar sobre um território dominado pelo crime organizado. O CV chegou a usar drones com bombas na reação, o que expõe o crescente poder bélico dos traficantes.

A defensora Cristiane Xavier Souza afirma que seis corpos foram liberados após passar pelos processos de perícia. A retomada dos reconhecimentos deve ser feita nesta quinta-feira, 30.

A defensora afirma, ainda, que encontrou dois corpos na Vacaria, região de mata que divide os complexos da Penha e do Alemão, onde dezenas de suspeitos foram encontrados e retirados pelos próprios moradores. “Encontramos dois corpos. Nós não esperávamos encontrar corpos por lá. Estavam entre uma pedra”, diz ela.

A DPRJ vai acionar a Justiça, para que as perícias sejam feitas com filmagens e fotos, com objetivo de garantir maior transparência e auditabilidade. O defensor também garantiu que vai acompanhar as audiências de custódias dos presos.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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