Por Redação, O Estado de S. Paulo* – 21/08/2025 20:10
Dados confidenciais da inteligência militar de Israel indicam que 83% dos mortos pelas forças israelenses na guerra na Faixa de Gaza eram civis. Os números foram divulgados pelo jornal britânico The Guardian em uma investigação conjunta com os veículos israelenses +972 Magazine e Local Call.
A reportagem revelou que até maio deste ano, a inteligência israelense listou 8.900 mortos ou “provavelmente mortos” como terroristas combatentes de grupos terroristas, dentre os cerca de 53 mil que já morreram desde o início do conflito em outubro de 2023.
A parcela dos terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica Palestina dados como mortos representa apenas 17% do número total de baixas, segundo os dados. Isso significa que cinco em cada seis palestinos mortos pelas forças de Israel eram civis.
De acordo com dados do Uppsala Conflict Data Program (UCDP), um programa que coleta dados sobre violência organizada e conflitos armados da Universidade de Uppsala, na Suécia, nos conflitos globais monitorados desde 1989, os civis representaram uma proporção maior de mortos apenas no massacre de Srebrenica – embora não na guerra da Bósnia como um todo – no genocídio de Ruanda e durante o cerco russo de Mariupol em 2022.
Os militares israelenses não contestaram a existência do banco de dados confidencial nem dos números divulgados, quando contatados pela Local Call e pela +972 Magazine. Quando o The Guardian solicitou comentários sobre os mesmos dados, um porta-voz disse que eles haviam decidido “reformular” sua resposta, relata o jornal britânico.
A declaração afirmava que “os números apresentados no artigo estão incorretos”, e que eles “não refletem os dados disponíveis nos sistemas das FDI (Forças de Defesa de Israel)”, sem detalhar quais seriam os sistemas ou os dados. Um porta-voz não respondeu quando questionado pelo The Guardian sobre o motivo dos militares terem dado respostas diferentes aos jornais.
O banco de dados divulgados pela reportagem lista 47.653 palestinos considerados ativos nas alas militares do Hamas e da Jihad Islâmica. O jornal britânico explica que esses números seriam baseados em documentos aparentemente internos dos grupos apreendidos em Gaza, que não foram visualizados nem verificados.
Contudo, várias fontes de inteligência familiarizadas com o banco de dados disseram que os militares o viam como a única contagem confiável do número de mortes.
Os militares israelenses também levam em consideração os números do Ministério da Saúde de Gaza (controlado pelo Hamas), informou o Local Call, embora os políticos de Israel frequentemente os descartem devido ao vínculo com o grupo terrorista palestino.
Ambos os bancos de dados podem subestimar o número de vítimas. O Ministério da Saúde de Gaza lista apenas as pessoas cujos corpos foram recuperados, não os milhares soterrados sob os escombros. Enquanto a inteligência militar israelense não tem conhecimento de todas as mortes de combatentes ou de todos os novos recrutas, de acordo com informações do The Guardian.
Políticos e generais israelenses estimam o número de combatentes terroristas mortos em até 20.000. Os totais mais altos citados por autoridades de Israel podem incluir civis com ligações ao Hamas, como administradores governamentais e policiais, embora a lei internacional proíba o assassinato de pessoas que não estão envolvidas em combate.
A reportagem do The Guardian ainda explica que o comando sul de Israel permitiu que soldados israelenses relatassem pessoas mortas em Gaza como vítimas de militantes sem identificação ou verificação.
Embora grande parte de Gaza tenha sido destruída e milhares de pessoas tenham sido mortas, o banco de dados confidencial lista quase 40.000 pessoas consideradas pelo Exército como combatentes e ainda vivas.
A proporção de civis mortos pode ter aumentado ainda mais desde maio deste ano, quando Israel tentou substituir a ONU e as organizações humanitárias que atuam na região. Agora, os sobreviventes receberam ordens de deixar o norte de Gaza enquanto Israel se prepara para outra operação terrestre.
Israel aprovou, na quarta-feira, 20, um projeto-chave para a construção de 3.400 casas na Cisjordânia ocupada que, segundo os críticos, dividiria o território palestino em dois e impediria um Estado da Palestina com continuidade territorial.
A colonização da Cisjordânia, na fronteira com a Jordânia, se manteve sob todos os governos israelenses, tanto de esquerda como de direita, desde 1967. E se intensificou sob o mandato atual, sobretudo desde o início da guerra em Gaza desencadeada em 7 de outubro de 2023, após o ataque terrorista sem precedentes do Hamas contra Israel.
Os confrontos, por vezes mortais, entre populações palestinas locais, o exército e colonos judeus se multiplicaram na região.
Por: Estadão Conteúdo
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