A CPMI do INSS aprovou nesta quinta-feira, 2, a convocação do empresário Maurício Camisotti, apontado como um dos principais articuladores do esquema de descontos associativos ilegais de aposentados. De acordo com as investigações, ele controlava ao menos três entidades que, desde 2021, faturaram mais de R$ 1 bilhão com a utilização de descontos não autorizados por beneficiários do INSS.
A Associação de Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), que repassou R$ 30,1 milhões ao grupo empresarial de Camisotti, teve recentemente o seu acordo com o INSS suspenso por decisão judicial.
O empresário está preso desde de setembro na Superintendência da Polícia Federal (PF). A prisão foi mantida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A convocação dele foi aprovada por requerimento do presidente da comissão, o senador Carlos Viana (Podemos-MG), que justificou que Camisotti é “figura central no esquema de descontos indevidos perpetrados contra beneficiários do INSS, esquema este que movimentou cifras bilionárias nos últimos anos”.
Como mostrou o Estadão, em depoimento prestado à Polícia Federal, o advogado Fernando Cavalcanti, ex-sócio do advogado Nelson Wilians, disse que Camisotti fazia empréstimos às firmas do grupo pelo menos desde 2018. As transferências seriam para cobrir o “descontrole financeiro” de negócios do advogado que estavam com déficit.
Relatórios de inteligência financeira mapearam pelo menos R$ 28,1 milhões de transferências entre Wilians e Camisotti, e parte dos valores enviados pelo advogado ao empresário eram “sem lastro”. A PF suspeita que Nelson Wilians pode ter lavado dinheiro para Camisotti.
A defesa de Camisotti nega qualquer participação dele em fraudes relacionadas ao INSS.
Também nesta quinta, o colegiado aprovou a convocação do ex-procurador-geral da autarquia Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, apontado como um dos facilitadores dos descontos associativos ilegais de aposentados. Segundo as investigações, uma empresa da mulher dele, Thaisa Hoffmann, recebeu R$ 11,9 milhões em propina.
Por: Estadão Conteúdo