Conversa de Lula com Trump não tem ‘assuntos proibidos’, diz Alckmin


O presidente brasileiro em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou neste sábado, 25, que o encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ocorrerá sem “assuntos proibidos” na pauta. Alckmin disse que, além das tarifas comerciais, a reunião deve abranger temas como terras raras, centros de dados (datacenters) e outras áreas de cooperação econômica entre os dois países.

Alckmin avaliou que a expectativa para o encontro entre Lula e Trump é positiva, destacando que se trata de uma reunião entre dois líderes dispostos a defender os interesses de seus países e a aprofundar a relação entre Brasil e Estados Unidos, que, segundo ele, ainda tem amplo espaço para avançar.

Eles devem se reunir presencialmente neste domingo, 26, na Malásia, onde participam de encontros com líderes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). Será o primeiro encontro oficial entre Lula e Trump desde o início da crise diplomática gerada pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.

Alckmin afirmou que o presidente Lula deixou claro não haver temas proibidos na conversa. Segundo ele, a pauta inclui, sim, questões tarifárias e lembrou que o Brasil mantém tarifas muito baixas em relação aos Estados Unidos – com oito dos dez principais produtos exportados pelo país tendo tarifa zero e uma média de 2,7%. O presidente em exercício acrescentou que também há assuntos não tarifários que podem ser discutidos.

“Tem também outros temas, como data centers. Já foi feita a Medida Provisória (MP) do Redata (Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center), um estímulo forte pra atrair esses centros. Tem estado americano que proíbe datacenter porque não tem energia. O Brasil, ao contrário, tem energia abundante e renovável”, disse Alckmin. “Você tem terras raras. Há uma pauta extensa de possibilidades, de parceria, de ganhos mútuos.”

O presidente em exercício salientou que Brasil e EUA mantêm uma parceria de mais de dois séculos, com cerca de 4 mil empresas americanas atuando no País e um alto potencial de complementaridade econômica. Ressaltou que, embora China e União Europeia sejam hoje os principais compradores dos produtos brasileiros, os Estados Unidos importam bens de maior valor agregado, o que torna a relação comercial estratégica.

Alckmin citou ainda avanços recentes nas negociações comerciais, como a redução a zero da tarifa sobre a celulose – responsável por 4% das exportações brasileiras aos EUA, cerca de US$ 1,7 bilhão – e a queda de 50% para 10% na alíquota de madeira serrada e macia, além da redução de tarifas sobre móveis e armários. Segundo ele, ainda há espaço para expandir a cooperação bilateral.

Democracia

Alckmin conversou com jornalistas antes de ato ecumênico em lembrança dos 50 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura militar em São Paulo. “A morte do Vladimir Herzog foi o resultado do extremismo do Estado, que ao invés de proteger os cidadãos, os perseguia e matava”, continuou. “Por isso, fortalecer a democracia, a justiça e a liberdade é essencial.”

O presidente afirmou considerar que a tentativa de golpe articulada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) há dois anos serviu para “fortalecer a democracia” brasileira, observando que, se já houve quem tentasse um golpe após perder a eleição, seria ainda mais grave se tivessem vencido. Questionado sobre a revisão da Lei da Anistia, afirmou que o País já avançou de forma significativa nessa discussão.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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