Conheça os sintomas e os tratamentos para o autismo

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), conhecido popularmente como autismo, é um distúrbio no desenvolvimento cerebral que atinge os indivíduos no nascimento ou nos primeiros anos de vida. Segundo o Dr. Roberto Debski, psicólogo e médico clínico geral, o TEA é caracterizado pelo “comprometimento no desenvolvimento da interação social, da comunicação, além de um repertório restrito de interesses e atividades, que se manifestam em diversos graus”.

De acordo com a versão mais recente do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), as causas do Transtorno do Espectro Autista podem ser genéticas, ambientais e/ou fisiológicas. “Os estudos apontam que o fator genético é o que mais contribui, em 90% dos casos. Algumas vezes, uma alteração genética por si só determina um quadro de autismo, mas há casos em que uma predisposição genética associada a um fator ambiental e/ou fisiológico pode levar ao desenvolvimento do quadro”, explica a Dra. Juliana Arita, neuropediatra da APAN (Associação Paulista de Neurologia).

Níveis do Transtorno do Espectro Autista

Conforme explica a Dra. Juliana Arita, o Transtorno do Espectro Autista é classificado em 3 níveis, baseados no suporte que o indivíduo necessita:

  • Nível 1: necessita de pouco suporte — há pouco ou nenhum prejuízo na linguagem, dificuldade para iniciar interações, interesse reduzido em relacionamentos e inflexibilidade;
  • Nível 2: necessita de suporte moderado — há inflexibilidade, prejuízos na linguagem, dificuldades na comunicação verbal e não verbal, danos nas habilidades sociais e possibilidade de deficiência intelectual;
  • Nível 3: necessita de alto suporte — ausência de linguagem funcional, possibilidade de deficiência intelectual, déficit de comunicação grave, danos nas habilidades sociais, intensos comportamentos repetitivos e inflexibilidade.

Principais sintomas do TEA na infância

Os sintomas do TEA variam de pessoa para pessoa, dependendo sempre do grau do transtorno. O Dr. Roberto Debski, no entanto, avalia que alguns sinais mais comuns na infância são: irritabilidade, irregularidade no sono, prejuízo nas trocas posturais, danos na vocalização e, em casos mais graves, limitações cognitivas e socioafetivas.

A Dra. Juliana Arita ainda acrescenta que, antes dos dois anos, a criança pode apresentar pouco contato visual e pouca reação às expressões faciais. Esses sintomas podem ser observados quando “a criança não olha nas vezes que é chamada pelo nome, não acompanha o movimento das pessoas ao redor, não olha na direção em que as outras pessoas estão apontando, não aponta e não utiliza outros gestos comunicativos”.

O TEA pode ser identificado também na vida adulta (Imagem: shurkin_son | Shutterstock)

Sintomas característicos do TEA na vida adulta

Muitas vezes, o TEA não é diagnosticado na infância e, por isso, as pessoas só descobrem o transtorno na vida adulta. O Dr. Roberto Debski justifica essa falha diagnóstica devido à falta de informações sobre a condição.

“O adulto com acometimento leve, que não foi diagnosticado enquanto criança, pode em algum momento suspeitar do TEA ao buscar ajuda profissional para questões relacionadas às dificuldades nos relacionamentos, necessidade de rotina, comportamentos repetitivos e problemas decorrentes da adaptação social”, afirma.

Diagnóstico do transtorno

O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista é realizado de forma clínica, isto é, por meio da descrição dos sintomas. A Dra. Juliana Arita esclarece que a investigação ocorre por meio do preenchimento de critérios clínicos relacionados a prejuízos na comunicação e interação social, bem como a presença de padrões de comportamentos restritos e repetitivos.

O Dr. Francisco Assumpção, psiquiatra da Infância e Adolescência e membro das Academias Paulistas de Medicina e Psicologia, acrescenta que, por se tratar de um diagnóstico difícil, procedimentos extras podem ser necessários. “Algumas vezes, visando à melhor delimitação do quadro e verificação das possibilidades terapêuticas, outros exames são solicitados — exames neuropsicológicos para se ver o tipo de comprometimento cognitivo, além de exames laboratoriais para se detectar possíveis doenças no quadro”, analisa.

Tratamentos para o TEA

O Transtorno do Espectro Autista não tem cura, mas existem diversos tratamentos que auxiliam na diminuição dos sintomas e no desenvolvimento do indivíduo de forma geral. A psicoterapia baseada na Análise Comportamental Aplicada, por exemplo, “envolve o ensino intensivo e individualizado de habilidades essenciais, comportamentais e comunicativas”, explica o Dr. Roberto Debski.

Dependendo do caso, outros tratamentos podem ser indicados, como o acompanhamento com o fonoaudiólogo para o desenvolvimento da comunicação, bem como as sessões de terapia ocupacional para a identificação de possíveis alterações no processamento sensorial.

“Em paralelo, alguns pacientes podem necessitar de associações com medicações, principalmente nos casos em que ocorre comorbidade com outras doenças, como epilepsia, ansiedade, depressão e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)”, aponta a Dra. Juliana Arita.

Importância da rede de apoio e da inclusão social

Um dos pontos mais importantes quando falamos sobre o Transtorno do Espectro Autista é a rede de apoio. No caso, os familiares e amigos próximos precisam compreender seu papel na vida de uma pessoa autista. Para isso, eles devem “estudar e entender o transtorno, engajar-se no tratamento e fazer acompanhamento de orientação para que ocorra uma interação eficiente”, indica a Dra. Juliana Arita.

Outra questão fundamental é a inclusão social. Com o passar dos anos, diversas leis garantiram o acesso de indivíduos autistas na educação escolar e no ambiente de trabalho. Apesar disso, o Dr. Roberto Debski enfatiza que a família “deve conhecer os direitos da pessoa com TEA e cobrar dos órgãos responsáveis para que as leis sejam cumpridas”.

Fonte: Portal EdiCase

Redação EdiCase

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