Com acompanhamento adequado e remissão dos sinais, os pequenos podem levar uma vida normal
A síndrome nefrótica é uma doença que, embora incomum, pode afetar seriamente a saúde, exigindo atenção médica constante desde os primeiros sinais. O tema ganhou visibilidade recentemente após o cantor Junior Lima e sua esposa Monica Benini revelarem nas redes sociais que sua filha, Lara, de 3 anos, foi diagnosticada com a condição.
Segundo o nefrologista Fábio Auriemma, da Kora Saúde, a síndrome nefrótica é um conjunto de sinais e sintomas que indicam um mau funcionamento nos glomérulos — estruturas dos rins responsáveis por filtrar o sangue e reter proteínas essenciais para o organismo. Quando esses filtros são comprometidos, há perda significativa de proteínas pela urina, causando inchaços, principalmente no rosto, nas pernas e na barriga das crianças, além de alterações nos níveis de colesterol.
“É muito importante que os pais fiquem atentos a esses inchaços repentinos, que às vezes passam despercebidos ou são confundidos com outras condições”, explica o médico. A síndrome pode afetar tanto crianças quanto adultos, mas é mais comum entre os 2 e 6 anos, com prevalência de 14 a 17 casos a cada 100 mil crianças.
Impactos da doença nos rins
Fábio Auriemma explica que os rins são responsáveis por filtrar o sangue, controlar o equilíbrio de líquidos e sais, regular a pressão arterial, entre outras funções. Quando acometidos pela síndrome nefrótica, perdem a capacidade de manter esse equilíbrio, resultando em retenção de líquidos, redução da urina e aumento do cansaço, que pode passar despercebido nas fases iniciais.

Tratamento contra a síndrome nefrótica
O tratamento da síndrome nefrótica começa geralmente com corticoides orais, e a resposta a esses medicamentos determina os próximos passos. “Costumo comparar o tratamento a uma escadinha. Se a criança responde bem aos corticoides, muitas vezes não é necessário associar outros remédios. Caso contrário, entramos com diuréticos, imunossupressores e até estatinas para controlar o colesterol”, afirma o especialista.
A boa notícia é que, com acompanhamento adequado e remissão dos sintomas, as crianças podem levar uma vida normal. “Elas podem frequentar a escola, praticar esportes e tomar vacinas, desde que a doença esteja sob controle. Há exceções apenas em casos de recaída, quando pode ser necessário o afastamento temporário das atividades”, diz Fábio Auriemma.
Mesmo com tratamento, a síndrome exige cuidados constantes. A perda de proteínas como a albumina, essencial para o sistema imunológico, e o uso de medicamentos imunossupressores tornam as crianças mais vulneráveis a infecções. “Febre é sempre um sinal de alerta em pacientes com síndrome nefrótica. Qualquer infecção deve ser investigada o quanto antes”, ressalta o médico.
Possibilidade de cura da síndrome nefrótica
De acordo com Fábio Auriemma, a maioria dos casos, cerca de 70% a 75%, é crônica, com períodos de melhora e recaídas. Apenas uma minoria, entre 20% e 25%, apresenta cura definitiva. “Mesmo nos casos mais estáveis, é essencial manter o acompanhamento com o especialista, pois a doença pode voltar de forma inesperada”, alerta.
Em situações mais graves, pode haver falência renal, sendo necessário recorrer à diálise ou até ao transplante. Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para evitar complicações e garantir qualidade de vida à criança.
Ao tornar público o diagnóstico da filha, Junior Lima e Monica Benini compartilham um momento delicado da família, mas também contribuem para a conscientização sobre uma condição que, embora rara, exige atenção e cuidado — e que pode ser enfrentada com sucesso quando diagnosticada e tratada corretamente.
Por Caroline Brito
Fonte: Portal EdiCase