Cautela fiscal limita queda do dólar em dia positivo para divisas emergentes


Após rondar a estabilidade ao longo da tarde, o dólar à vista se firmou em leve baixa na reta final dos negócios e encerrou a sessão desta quarta-feira, 8, em queda de 0,11%, a R$ 5,3442. Operadores afirmam que o real enfrentou alguma dificuldade para acompanhar o movimento de apreciação de divisas emergentes pares, como os pesos mexicano e chileno, em razão de cautela com o quadro político e fiscal doméstico.

Investidores monitoram a tramitação da Medida Provisória (MP) alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras, que pode caducar se não for aprovada ainda nesta quarta na Câmara dos Deputados e no Senado.

O texto foi aprovado na terça à noite por 13 votos a favor e 12 contrários em Comissão especial, prevendo arrecadação de R$ 17 bilhões, uma redução de R$ 3 bilhões em relação do previsto inicialmente. A perda de validade da MP representaria uma derrota para o governo Lula, que seria obrigado a promover cortes de gastos para cumprir a meta fiscal de 2026.

Para o chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Garcia, a volta das preocupações com o quadro fiscal doméstico nos últimos dias levou a uma pausa no processo de apreciação do real. “Temos essa apreensão com a MP e também a percepção de que o governo já está com um discurso mais eleitoral e estuda um projeto para zerar a tarifa de ônibus”, afirma Garcia. “O mercado já está um pouco preocupado com o anúncio de medidas mais populistas”.

Segundo reportagem do Valor Econômico, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, negou que o governo considere a possibilidade de implementar a gratuidade da tarifa de ônibus no País neste ano ou no próximo. De acordo com ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitou estudos sobre o tema, mas ainda não há avaliação sobre a viabilidade da tarifa zero no transporte público.

O mercado também digeriu novo levantamento reforçando a tendência de melhora da popularidade de Lula. Pesquisa da Genial/Quaest mostra que a aprovação do governo está no melhor nível desde janeiro. A gestão do petista é aprovada por 48% dos entrevistados e desaprovada por 49%. A pesquisa ainda mostra que a rejeição à anistia dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro aumentou em relação ao levantamento anterior.

É figurinha fácil entre participantes do mercado de que a possibilidade de uma política fiscal mais austera com a eventual vitória de um candidato da oposição na corrida presidencial de 2026 reduziria os prêmios de risco associados a ativos domésticos, abrindo espaço para uma nova rodada de apreciação do real.

No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes – avançou pelo terceiro dia seguido, tocando pontualmente o nível dos 99,000 pontos na máxima da sessão. O Dollar Index já acumula ganhos de mais de 1,10% nesta semana.

O euro voltou a tropeçar com a crise política na França, após a renúncia precoce do primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu. O iene amargou queda de mais de 0,50% em relação ao dólar, com a possibilidade de uma política fiscal mais frouxa com a provável ascensão da nova líder do Partido Liberal Democrata, Sanae Takaichi, ao posto de primeira-ministra.

Analistas lembram que o iene é muito utilizado como moeda de financiamento para operações de carry trade. Uma desvalorização do iene tende a aumentar a atratividade de divisas emergentes, em especial as latino-americanas. Além disso, houve uma rodada de valorização do petróleo, com os principais contratos da commodity subindo mais de 1%.

Para Garcia, do C6 Bank, o real tende a se manter comportado até o fim do ano, apesar dos ruídos fiscais e do provável aumento de remessas ao exterior, com a perspectiva de que a moeda americana volte a se enfraquecer diante de novos cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). “Temos agora essa questão política na França e no Japão, mas a tendência global ainda é de um dólar fraco, o que favorece o real”, afirma.

Divulgada nesta quarta à tarde, a ata do encontro de política monetária do Fed em setembro, quando a taxa básica de juros foi reduzida em 25 pontos-base, o primeiro corte em 2025, não alterou as expectativas de redução de 50 pontos-base até o fim do ano.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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