A brasileira Marina Lacerda, de 37 anos, afirmou ter sido uma das vítimas do empresário Jeffrey Epstein. Os abusos começaram quando ela tinha 14 anos, em Nova York, nos Estados Unidos. Ela falou publicamente sobre o caso pela primeira vez nesta quarta-feira, 3, em uma entrevista à emissora norte-americana ABC. Antes, Marina era identificada nos arquivos do processo contra Epstein como “Minor Victim-1” (Vítima Menor-1).
“Ele me forçou a ter relações sexuais”
Marina relatou que conheceu Epstein em 2002, aos 14 anos, por meio de uma amiga. Ela vinha de um “lar desestruturado”, havia chegado aos EUA havia pouco tempo e, ainda na adolescência, tornou-se responsável por ajudar a mãe e a irmã. “Minha amiga disse para não me preocupar, que ele era muito legal. Nós iríamos para o andar de cima e faríamos uma massagem nele. Depois, ele daria US$ 300 para cada e nós iríamos embora”, contou a brasileira. Ela era uma das diversas garotas da região do Queens, em Nova York, recrutadas para fazer massagens em Epstein.
“Ele me forçou a ter relações sexuais com ele. Se ele estivesse em Nova York, planejava a semana para encontrar com o máximo de garotas possível”, contou Marina. Em troca dos encontros, o empresário pagava centenas de dólares a cada menina. Em seu depoimento durante a investigação do caso, a brasileira afirmou que foi abusada sexualmente diversas vezes na casa de Epstein em Nova York, que recebia dinheiro após os abusos e que era estimulada a recrutar outras garotas para participarem do esquema.
Três anos de abusos
A mulher relatou que foi vítima de Epstein por três anos, mas quando estava com quase 17 anos, ele perdeu o interesse, pois a considerava “velha demais”. “Acho que com Jeffrey Epstein, isso começa em algum lugar, mas acaba com você tendo relações sexuais com ele, goste ou não disso”, disse.
Marina também participou de uma entrevista coletiva com outras mulheres que acusam Epstein de abuso sexual, em frente ao Congresso dos EUA, em Washington. O ato pedia a divulgação de todos os arquivos da investigação contra o empresário. Questionada pela ABC se acreditava que os documentos deveriam ser tornados públicos, a brasileira afirmou: “Absolutamente”.
Epstein foi acusado de liderar uma rede de exploração e tráfico sexual de menores de idade, ao lado da ex-namorada, Ghislaine Maxwell.
Investigação e condenação
As investigações contra o milionário começaram em 2005, após os pais de uma menina de 14 anos denunciarem que ele havia abusado sexualmente da jovem em sua casa em Palm Beach, na Flórida. Essa denúncia abriu caminho para outras e Epstein foi condenado em 2008 por exploração sexual e facilitação à prostituição de menores.
Na época, o milionário afirmou que os encontros eram consensuais e que acreditava que as vítimas tinham 18 anos. Contudo, ele se declarou culpado por exploração sexual e fechou um acordo de 13 meses de prisão e inserção do seu nome na lista federal de criminosos sexuais. Mais de uma década depois, em 2019, um juiz da Flórida considerou que o acordo era ilegal e Epstein foi preso em julho daquele ano, em Nova York.
Um mês depois de ser preso, Epstein foi encontrado morto na sua cela e a autópsia concluiu que ele tirou a própria vida. O Departamento de Justiça dos EUA confirmou em julho deste ano que a causa da morte foi suicídio, após analisar arquivos e vídeos da prisão. Contudo, algumas teorias da conspiração, sem nenhum tipo prova, insinuam que ele teria sido assassinado para proteger pessoas influentes que teriam relação com o escândalo sexual.
As acusações contra o milionário foram retiradas após a sua morte, mas as investigações continuaram contra outros envolvidos no caso, como sua ex-namorada Ghislaine, que foi condenada a 20 anos de prisão em 2022.
Por: Estadão Conteúdo