Bolinha carrega a tradição da Família Oliveira no Mundial de Boxe em Liverpool

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Por Wilson Baldini Jr. – 04/09/2025 08:00

A história do boxe brasileiro é marcada pela existência de famílias, possuidoras de grandes talentos que brilharam pelos ringues de todo o mundo. Foi assim com os Jofre-Zumbano, liderados pelo inigualável Eder Jofre nos anos 60 e 70, e pelos Falcão, com os medalhistas olímpicos Yamaguchi e Esquiva em Londres/2012 e no profissionalismo. A partir desta quinta-feira, em Liverpool, na Inglaterra, o peso pena Luiz Gabriel Oliveira, de 24 anos, o Bolinha, vai representar a nobre arte nacional e os Oliveiras, orgulhosos pela medalha de bronze do avô Servílio na Olimpíada do México/1068 e pela virtude do pai, Ivan, e do tio, Gabriel.

Bolinha se destaca pelo boxe vistoso. Ambidestro, ataca com a mesma variedade e precisão tanto na guarda canhota como destra. Com um jogo de pernas invejável e esquiva aguçada, o boxeador natural de São Caetano do Sul chega como um dos candidatos a subir ao pódio.

“Estou fisicamente voando, pronto e com plano traçado para qualquer adversário. Passo pelo melhor momento da minha vida e isso me dá confiança”, disse o boxeador, vencedor da Copa do Mundo disputada em julho em Astana, no Casaquistão, ao Estadão, de Assis, na Itália, onde o time brasileiro se preparou para o Mundial.

“Inevitável lembrar do meu avô quando falam de mim, mas acho que as pessoas começam a me reconhecer também pelos meus resultados. Isso é gratificante. Ser reconhecido por ser neto do Servílio e também como Bolinha. Estou fazendo minha história não apenas pela minha representação familiar no esporte”, afirmou o pugilista dono de um cartel ‘amador’ de 71 vitórias e 11 derrotas, segundo o Box Rec.

O fato de ser apontado como um dos favoritos no Mundial não é encarado como uma pressão por Bolinha. “É bom. Isso é um reflexo dos meus resultados. Isso me dá mais força. Não vejo nada de negativo nisso. Não é pressão, é um incentivo a mais. Vamos representar o Brasil da melhor maneira possível. Me sinto preparado.”

Apesar dos 24 anos, Bolinha aposta na experiência de oito anos no boxe como um diferencial para este Mundial. “Tenho mais maturidade, experiência, confiança, frieza… Personalidade conta bastante em cima do ringue. Chamar a atenção dos juízes para você. Golpes fortes, rapidez nas esquivas, jogo de pernas…”

O fato da comissão técnica estar sob o comando do cubano Paco Garcia é uma motivação a mais para Bolinha. “Ótima pessoa. Paco é muito bom técnico. Tem muita experiência, sempre trabalhou com atletas de alto rendimento. A nossa equipe está bem preparada. O Paco foi a pessoa que iniciou meu pai no boxe. Minha escola de boxe foi formada por ele.”

Bolinha espera que no dia 14 ele possa celebrar sua vitória na final do Mundial e a vitória do norte-americano Terence Crawford, seu espelho no pugilismo, que luta na noite anterior com o mexicano Saul Canelo Alvarez. “Quando cito atletas sempre falo de Crawford. Ele é ambidestro sem diferença nenhuma de guarda. Frio, calculista… Acho que a luta com o Canelo vai ser histórica. São dois atletas de altíssimo nível. Em 13 de setembro sou Team Crawford, um dia depois vão rolar as finais do Mundial e espero estar representando o Brasil e trazer a medalha de ouro. Vamos pra cima.”

Bolinha planeja uma carreira híbrida, ao somar também disputas no boxe profissional. “Se aparecer uma proposta posso levar a carreira híbrida. Daqui até os jogos tem bastante tempo.”

EXPECTATIVA DE DUAS MEDALHAS NO MUNDIAL

Chefe da equipe brasileira, o técnico Mateus Alves espera obter pelo menos uma medalha no masculino e outra no feminino neste Mundial. “Esperamos conseguir colocar o máximo de lutadores no top 8. Pelo menos uma medalha de cada gênero neste primeiro Mundial deste ciclo olímpico.”

Mateus destacou que os principais adversários no masculino serão os atletas do Usbequistão, Casaquistão, Cuba, Grã Bretanha e França. No feminino, as potências são China e India. “Nosso grupo feminino é mais experiente. É praticamente a mesma equipe do ciclo passado. Bárbara (Maia) e Carolina (Almeida) foram medalhistas em Mundial, Jucielen terminou em quinto e Rebeca (Lima) foi medalhista no Mundial Juvenil.” Já no masculino, as apostas são em Bolinha e Yuri Falcão, irmão de Yamaguchi e Esquiva.



Por: Estadão Conteúdo

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